Deixa eu contar uma coisa pra vocês: suicídio não é sinal de fraqueza.

O suicídio na verdade é o último sacrifício. É aquele ato de coragem derradeiro que faz a pessoa salvar a si mesma contra a tortura cotidiana. É o ato dela colocar a vida em prol de um bem maior, sendo este bem a própria dignidade do Eu.

Isso é tão verdadeiro que as estatísticas mostram que a maioria das pessoas só tentam efetivamente se suicidar quando saem dos estados mais graves da depressão, pois, só em melhores condições de saúde mental conseguem ter a força e a coragem necessária pro sacrifício. Tanto que todo psiquiatra precisa ficar atento aos primeiros meses de melhora do paciente em depressão sob medicação.

Para muitos parece um paradoxo, pois, se ferir nunca poderia ser um ato de proteção. Mas só é contraditório de fato para aquelas mentes reduzidas que acreditam que o pior da vida é a morte. Elas precisam lembrar que o sofrimento é subjetivo e cada um aguenta o que consegue, da forma mais hercúlea que é capaz.

Todos são fortes à sua maneira. E há mais dignidade no suicídio do que na submissão à opressão insuportável. A verdade é que subviver é muito pior do que negar a pura sobrevivência.

Dizer para uma pessoa que tem ideações suicidas que ela é fraca tem nome e se chama psicofobia. É uma forma de alguém se sentir superior à pessoa que assume querer o suicídio. Trata-se, portanto, de uma forma grave e perversa de abuso e violência, e só tende a piorar o sofrimento da vítima.

Uma pessoa com ideações suicidas precisa de alívio e amparo, não de pressão e desconfiança. Queria que vocês guardassem isso para lidarem melhor com as pessoas com as quais vocês encontrarão na vida e nos hospitais.

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