O setor econômico do governo (Guedes e companhia) defende o ajuste das contas públicas a qualquer preço. Vejamos um caso:
O valor do petróleo é ATRELADO ao dólar. Se o dólar aumenta, o petróleo encarece. A estatal Petrobras, justificando um crescimento de seus GASTOS para adquirir a matéria-prima, eleva os preços para equilibrar sua RECEITA. Em outras palavras, as empresas conseguem repassar custos e manter seus balanços financeiros a qualquer hora. O mercado considera isso legítimo e correto.
O senhor João depende do petróleo para tudo: no combustível do transporte público, dos caminhões que levam alimentos, remédios e outros bens. Como nenhuma empresa da cadeia de logística aceita prejuízo, os aumentos são transferidos para o bolso do senhor João.
Porém, o salário do senhor João não segue essa lógica. Mencionar isso para o mercado é quase um sacrilégio. Só o capital pode ser ajustado. Na casa do senhor João, as despesas disparam enquanto os rendimentos permanecem “estagnados”. O resultado? Ele fica mais pobre.
É muito conveniente defender o ajuste fiscal das contas públicas ignorando o desajuste financeiro que afeta milhões de lares de trabalhadores. Que se danem. Trabalhem em dois, três empregos, sacrificando saúde, descanso e convívio familiar, se quiserem manter o mínimo de dignidade.
O mercado NUNCA considerou nem considerará o sofrimento do senhor João. Seu único propósito é SEMPRE garantir os lucros dos acionistas.
O trabalhador que apoia esse modelo econômico, que concentra riqueza nas mãos de poucos, ou sofre de uma grande ilusão política ou de um masoquismo profundo.