Reflexões Finais de um Diário da Pandemia

Este sábado simboliza, para mim, o encerramento de uma jornada de registros sobre a pandemia. Decidi finalizar este ciclo mesmo sabendo que a crise de saúde pública, que já tirou incontáveis vidas, infelizmente ainda continuará deixando marcas profundas.

Os desafios persistem. Há sempre novas questões, denúncias e contradições, além de algumas notícias positivas, embora extremamente raras. Hoje, enfrentamos novas ameaças: a possibilidade de uma variante derivada da Delta, números alarmantes de mortes na Rússia, aumento de casos no Reino Unido e, no Brasil, uma rotina marcada por desigualdades gritantes.

Enquanto celebramos que mais de 70% da população tomou ao menos uma dose da vacina e mais da metade está com o esquema vacinal completo, pouco se discute sobre a razão pela qual a média diária de 300 mortes não diminui.

Existem dois motivos principais para isso. O primeiro é que ainda registramos mais de 12 mil novos casos diários, com a vida quase normalizada e um uso de máscaras longe do ideal, o que não é suficiente para frear um vírus cada vez mais eficiente na sua transmissão.

O segundo motivo é o ritmo ainda lento da vacinação. Cerca de 20 milhões de pessoas estão atrasadas para a segunda dose, o que deixa metade da população exposta — 30% sem qualquer proteção e 20% com defesa insuficiente. Esse cenário se agrava devido às diferenças entre as regiões: enquanto São Paulo já imunizou 66% da população com a segunda dose ou dose única, estados como Amapá e Roraima não chegam a 30%.

Mesmo com tantos pontos importantes para abordar, encerro este diário não pela falta de conteúdo, mas pela escassez de tempo. Novas responsabilidades e projetos agora ocupam meu foco, mas acredito que cumpri meu papel de registro e análise ao longo desses mais de 580 textos desde março de 2020.

Talvez, em momentos pontuais, eu retome esse espaço, de forma mais leve e ocasional. Para aqueles que acompanharam essa trajetória, meu mais sincero agradecimento. Sigo comprometido em trazer reflexões e informações sobre o Brasil e o mundo por meio de um formato que continua se reinventando.

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