É surpreendente que, após o relatório da CPI que apontou dezenas de pedidos de indiciamento — incluindo o presidente do Conselho Federal de Medicina (CFM) — a Conitec (Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS) tenha colocado em votação um relatório recomendando a rejeição do uso da hidroxicloroquina e da azitromicina no tratamento ambulatorial da Covid-19 e, ao final, tenha ocorrido um empate.
Cinco secretarias do Ministério da Saúde e o CFM votaram a favor do famoso “Kit Covid”, enquanto se opuseram ao tratamento a Conass (Conselho Nacional de Secretários de Saúde), Conasems (Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde), CNS (Conselho Nacional de Saúde), ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) e duas secretarias estaduais de saúde.
O cúmulo do absurdo aconteceu quando um possível voto, o do representante da ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), se ausentou da reunião virtual para não perder um voo. Sim, em plena crise sanitária, a desculpa para a ausência foi o horário de um voo.
Agora, o relatório fica disponível para consulta pública, podendo sofrer alterações antes de ser novamente votado em aproximadamente 30 dias. E enquanto isso, muitos acreditavam que a discussão sobre o “Kit Covid” fosse uma página virada. Lamentavelmente, parece que a persistência dos negacionistas não tem fim.