Pandemia ainda longe de estar sob controle

Estar controlada a pandemia pode não significar o fim da doença. O mais esperado é que ela se torne endêmica, ou seja, que tenha incidência mais sazonal e com níveis menores de casos e, principalmente, de mortalidade.

Padrões internacionais adotados nos EUA e Europa, apontam como endemia doenças que matam menos de 5 pessoas por um milhão no período de uma semana e tenham menos de 100 novos casos por milhão por semana.

Se considerarmos isso como verdade, o Brasil estaria a pouco menos de meio caminho no quesito mortalidade, pois nossa taxa está hoje em 10,7 mortes por semana a cada 1 milhão de habitantes. Espanha está com índice 4,6 e o Reino Unido com 12,4, portanto pior que o Brasil. No que se refere a novos casos, nossa taxa semanal por 1 milhão é de 370.

Evidente que em números frios se pode aceitar que a epidemia “evoluiu” para endemia matando 1 mil pessoas por semana, o que daria mais de 50 mil mortes por ano (média móvel de cerca de 140 óbitos), certamente um número demasiadamente elevado.

O fator sazonalidade é importante, como no caso da H1N1 que predomina em meses mais frios do ano. No caso do novo coronavírus (SARS-CoV-2) a experiência ensina que fatores climáticos, ser verão ou ser inverno, não definem sua expansão e mortalidade de forma significativa. Ou seja, teríamos um vírus matando consistentemente com regularidade.

Estes índices não são referências absolutas, podendo variar a cada caso. No caso da Covid-19, por exemplo, que o vírus sofre mutações regularmente, sustentar uma alta transmissão constante por longa data pode ser um tiro no pé no que se refere à imunização.

Uma das formas de controlar a doença é a vacinação que, tudo indica, terá que buscar um índice de pessoas imunizadas acima de 80% no geral e acima de 90% dos adultos. Certos cuidados para além da vacinação, como uso de máscara e controle de aglomerações, terão que estar no planejamento das medidas sanitárias, com apoio do passaporte vacinal.

Vejo como viáveis a manutenção de uso obrigatório de máscara em transporte público e locais fechados de grande circulação, como shoppings, mas duvido que consigamos avançar no que se refere a grandes festas, como carnaval, eventos religiosos e jogos de futebol. Infelizmente teremos que conviver com a Covid-19 por mais tempo do que gostaríamos.

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