O falso clima de segurança

Parece que o efeito positivo da vacinação na queda das mortes é contrabalanceado pelo relaxamento das medidas de isolamento social. Menor uso de máscaras, mais bares e restaurantes lotados e cada vez maiores aglomerações em eventos e jogos de futebol com torcida presencial.

Nos meios de comunicação predomina o “clima” mais otimista, com várias manchetes ressaltando recordes positivos, como a menor média móvel de casos desde (…) Tem sempre um menor isso e menor aquilo, sempre com o desde.

Mas não dizem que, se é verdade que são 8 dias com média móvel de mortes abaixo de 500, também o é que, em novembro de 2020, sem vacina, a média móvel ficou 10 dias abaixo de 400 mortes.

Outra informação que falta, talvez para manter o clima mais “tranquilizador”, é que a segunda dose tem se arrastado e está mais lenta do que se supunha. O Boletim da Fiocruz aponta 11% de taxa de atraso, ou seja, pessoas que não tomaram a segunda dose no prazo previsto.

Sem o atraso teríamos cerca de 11 milhões de pessoas a mais vacinadas com o esquema vacinal completo, elevando a taxa para quase 52%. Há falha na comunicação e busca ativa insuficiente que compromete a efetividade da vacinação e mantém a média móvel de mortes ainda em patamar elevado.

Vacinação com problemas, agravados pelas desigualdades regionais, somada ao relaxamento do isolamento é uma combinação perversa e mortal.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.