o MP-SP engavetou investigação da Prevent Senior

De grande interesse a reportagem de ontem (04) da UOL, assinada por Thiago Herdy, do anúncio na semana passada da criação de uma força-tarefa do MP-SP (Ministério Público Estadual de São Paulo) para investigar a Prevent Senior a partir da avalanche de revelações da CPI da Pandemia.

O repórter, no entanto, ressalta que isso parece um procedimento adequado e de pronta resposta do MP-SP às gravíssimas acusações. Só que não é bem assim, pois há mais de um ano, a partir de março de 2020, pelo menos três inquéritos foram instaurados no MP paulista para apurar a conduta da Prevent Senior.

E que fim levaram? Arquivados. Uma das denúncias foi parar na mão do promotor de Justiça, Cássio Roberto Conserino, famoso por pedir a prisão do Lula, solicitação negada pelo Judiciário paulista. Ao arquivar, Conserino argumentou que a subnotificação da doença era “infração de menor poder ofensivo” e que “a ausência de notificação não gera a morte de alguém”. Faltou dizer que óbito também é alta.

Um dos procedimentos, na esfera criminal, foi arquivado pela promotora Ana Paola Ambra, que usou como argumento para aliviar a mão a própria crise sanitária, defendendo que “embora não seja o melhor dos mundos, é perfeitamente compreensível a situação enfrentada pelo hospital de uma hora para a outra, as dificuldades a que se viram expostos”.

As denúncias são do mês de março, lembrando que a primeira morte da pandemia, oficialmente, data de 12 de março. Como muitos dos pacientes da Prevent são idosos acima de 80 anos, é possível que tenha havido morte, não notificada como Covid-19, em data anterior. Mas isso são somente conjecturas.

O fato é que um ano e meio antes das denúncias da CPI, o MP-SP teve a chance de investigar e sim, salvar vidas, mas foi negligente.

Aqui faço uma consideração sobre os médicos que afirmam terem receitado cloroquina, e outros desvios, por pressão. Evidente que o compromisso ético ficou em segundo plano, pois, em última análise, o médico não pode por um paciente em risco porque o chefe mandou.

É a crença de que o/a médico/a seguirá sempre a ética profissional, que nos dá confiança para seguir um tratamento. Muitas vezes, como foi o caso das pessoas tratadas na Prevent Senior, é questão de vida ou morte e precisamos confiar que o profissional tentará o melhor.

Pode errar, pode até ter pouca competência, mas buscará fazer a coisa certa. A nota triste tem sido o papel da CFM que, devendo ser um órgão em defesa da sociedade na defesa do exercício ético da profissão, enveredou pelos descaminhos da defesa do negacionismo obscurantista do bolsonarismo, inclusive defendendo o tal tratamento precoce.

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