Vacinação no Brasil: Estratégias para Evitar Desperdícios

Planejamento estratégico e logística são essenciais para evitar desperdícios e ampliar a cobertura vacinal

O Brasil alcançou números impressionantes na campanha de vacinação contra a Covid-19. O Programa Nacional de Imunizações (PNI) já distribuiu aproximadamente 290 milhões de doses, com 232 milhões aplicadas. Restam ainda 58 milhões de doses nos estados aguardando administração. Contudo, para atingir uma meta ambiciosa de 90% de cobertura vacinal, seriam necessárias cerca de 384 milhões de doses no total, considerando a população elegível e o esquema de duas doses.

Até agora, a Janssen, com seu esquema de dose única, contribuiu com 4,5 milhões de doses. Caso novas remessas desse imunizante sejam recebidas, o número total de doses necessárias para atingir a meta diminuiria proporcionalmente. Mesmo assim, a meta de 90% é considerada otimista, já que a vacinação não é obrigatória e enfrenta resistência em determinados segmentos da população.

Segundo o Ministério da Saúde, a expectativa para o último trimestre do ano é a chegada de 226,7 milhões de doses de diferentes fabricantes, incluindo Pfizer, AstraZeneca, Janssen, Covax Facility, e CoronaVac. Com essas remessas, o total de doses disponíveis alcançaria 228 milhões. Considerando que faltam apenas 94 milhões de doses para cumprir a meta, sobrariam aproximadamente 134 milhões de doses após a aplicação das vacinas necessárias para a cobertura inicial.

O desafio da logística e do armazenamento
Essa potencial sobra de doses traz questões complexas. Parte delas seria utilizada para a aplicação da terceira dose em grupos prioritários, como idosos, imunossuprimidos e profissionais de saúde, estimados em 30 milhões de pessoas. Ainda assim, restariam cerca de 100 milhões de doses, levantando preocupações sobre armazenamento adequado, especialmente para vacinas que exigem refrigeração ultrabaixa. Além disso, o prazo de validade dos imunizantes deve ser considerado, para evitar o desperdício em larga escala.

Desigualdades regionais na vacinação
Embora estados como São Paulo já tenham vacinado cerca de 80% de sua população, outras regiões enfrentam desafios logísticos e culturais que dificultam avanços similares. A escassez de vacinas, gargalos na distribuição e falta de infraestrutura impactam diretamente o alcance da campanha. Mesmo com oferta abundante de doses, algumas localidades podem não atingir 80% ou 90% de cobertura vacinal, perpetuando desigualdades na proteção da população contra o vírus.

Planejamento e eficiência
Diante da possibilidade de excedentes, o governo deve priorizar ações estratégicas, como o planejamento de uma segunda campanha nacional de vacinação para reforço da imunidade. Além disso, a redistribuição das doses para estados com menor cobertura vacinal e a realização de campanhas educativas para combater a hesitação vacinal são medidas urgentes.

Por fim, evitar desperdícios requer uma logística eficiente e a criação de protocolos claros para a utilização das doses excedentes. Com esses esforços, o Brasil poderá transformar um desafio em uma oportunidade, garantindo maior proteção à sua população e consolidando sua posição como referência em imunização em massa.

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