Pesquisas indicam que países vizinhos avançam mais rápido na imunização, enquanto o Brasil enfrenta uma execução mais lenta e desafios políticos.
A vacinação contra a Covid-19 no Brasil tem avançado de forma lenta, especialmente em relação à aplicação da segunda dose, com destaque para o aumento da prevalência da variante Delta. Enquanto países como Argentina e Equador avançam mais rápido, o Ministério da Saúde parece manter um ritmo mais comedido, gerando críticas sobre a eficácia e urgência nas medidas adotadas.
A lentidão no avanço da vacinação contra a Covid-19 tem gerado uma série de questionamentos, especialmente sobre o ritmo das aplicações da segunda dose. O Ministério da Saúde mantém uma “tranquilidade” que muitos consideram incompreensível, especialmente diante da crescente prevalência da variante Delta, que já representa mais de 95% dos casos em São Paulo. A vacinação, que deveria ser acelerada para combater a rápida disseminação do vírus, está sendo executada de forma mais lenta do que o esperado.
Enquanto o Brasil ainda luta para vacinar uma parte significativa de sua população, países com taxas de vacinação mais altas, como Reino Unido, França, Espanha e Itália, já atingiram percentuais de imunização ainda mais elevados. Nesses países, a diferença entre a porcentagem de pessoas vacinadas e aquelas totalmente imunizadas é de aproximadamente 5%. No Brasil, no entanto, essa diferença chega a ser de 18%, o que aponta para um atraso no cumprimento do esquema vacinal completo.
Em outros casos, como o dos Estados Unidos, a taxa geral de vacinados é inferior à do Brasil, mas a porcentagem de pessoas com o esquema vacinal completo é maior. No caso da Argentina, um dos exemplos mais próximos do Brasil, a situação também se desenha de forma interessante. Embora o país vizinho tenha uma taxa de vacinados menor que a brasileira, a porcentagem de imunizados é superior.
Há exatamente 30 dias, Brasil e Argentina estavam empatados com 26% da população completamente imunizada. No entanto, enquanto o Brasil atingiu 40% neste período, a Argentina já alcançou 45%. Situação similar ocorre com o Equador, que tinha 22% de pessoas imunizadas há 45 dias e hoje já ultrapassa 55%. Isso revela um ritmo de vacinação mais eficiente em relação ao Brasil, que parece estar mais lento no processo.
Embora esses países não sejam considerados exemplos ideais de combate à pandemia, a Argentina, por exemplo, enfrenta desafios estruturais em seu sistema de saúde pública e a pressão de uma população exausta após uma longa quarentena. Além disso, o país tem enfrentado disputas políticas internas que dificultam um avanço coordenado. O mesmo ocorre nos Estados Unidos, onde a polarização política também tem influenciado o combate à pandemia.
No Brasil, a situação é ainda mais complexa devido à postura negacionista do governo federal, o que tem gerado um grande obstáculo para o enfrentamento da pandemia. O negacionismo, alimentado por forças políticas com forte expressão partidária e eleitoral, tem criado um cenário de desinformação que prejudica as estratégias de vacinação e controle da doença. Esses grupos políticos, que se tornaram uma espécie de “partido do negacionismo”, têm métodos, recursos e campanhas direcionadas a deslegitimar as políticas públicas de saúde.
Com a manutenção dessas posturas políticas, as ações de combate à pandemia acabam sendo enfraquecidas, e o vírus continua se espalhando. A falta de um enfrentamento coordenado e eficaz compromete a vacinação em massa e o controle da doença. A ausência de uma política nacional coesa de saúde pública coloca o Brasil em uma posição ainda mais vulnerável, e o risco de retrocessos se torna cada vez mais iminente.