Estudo padrão Mengele

Matéria bombástica assinada por Guilherme Balza, GloboNews e G1 SP na quinta-feira (16), informa, com riqueza de detalhes e com grande consistência jornalística, que a Prevent Senior, empresa também investigada pela CPI da Pandemia, entre outros delitos, ocultou mortes em estudo sobre cloroquina.

Entre as denúncias estão as de que tratamentos eram feitos sem autorização e de que nove pacientes ‘cobaias’ morreram durante a pesquisa, mas o estudo só computa duas mortes. É gravíssimo, cobaias humanas que morrem em estudo irregular, tosco e fraudulento é, em última análise, assassinato.

O falso estudo foi iniciado em março do ano passado e foi o xodó do bolsonarismo e do próprio Bolsonaro, pois “comprovaria” a eficácia do tratamento precoce com uso de hidroxicloroquina associada à azitromicina.

Não se trata de um estudo malconduzido ou enviesado, mas de uma fraude escabrosa que envolve procedimentos criminosos como obrigar profissionais trabalharem infectados, aplicação de medicamentos sem informar o paciente e até a simples omissão de mortes.

Há denúncias de várias ordens, desde e-mails enviados à CPI, vídeos, depoimento de profissionais, pacientes e familiares e a reportagem citada teve acesso a documentos e planilhas.

Eu, no meu diário, trato da Prevent Senior e em 27 de abril deste ano. Nesse texto digo:

“ (sobre a pesquisa…) um estudo observacional, portanto não conclusivo, e ainda por cima malconduzido. Na verdade, a Prevent Senior parece ter escolhido fazer uma pesquisa para se garantir, pois já usava largamente o medicamento e havia a informação do Ministério da Saúde que 79 idosos internados em hospitais da organização tinham morrido de Covid-19. (…) a Prevent Senior, que é um plano de saúde voltado para idosos, passou a divulgar dados atestando a enorme eficácia da cloroquina, nunca confirmados por estudos sérios e nem por tratamento estatístico que indicasse a validade desses resultados. Essas coisas não podem cair no esquecimento. (…) mas sendo tratamento não autorizado e com muitos estudos indicando se tratar de algo que traz riscos e, se ainda por cima, pessoas morreram, me parece que temos mais coisas para investigar”.

Meu palpite é que houve uma convergência de interesses espúrios, certamente de ordem ideológica pelo apoio ao negacionismo bolsonarista, mas também comercial, disputando clientela pela “fama” de cura milagrosa. Agiram como vendedores de pílula de emagrecimento ou de cura da calvície. Com a diferença de que se trata de doença mortal, particularmente na faixa etária atendida pelo convênio.

Felizmente não foi esquecido e seguem as investigações deste que considero um crime hediondo.

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