Após seis dias com a média móvel de óbitos abaixo de 500, o índice voltou a subir, atingindo 516. Enquanto isso, o estado de São Paulo protagoniza polêmicas envolvendo a distribuição de vacinas contra a Covid-19.
A média móvel de novos casos e de casos ativos da doença permanece estável, mas o aumento na média de óbitos acende um alerta sobre a necessidade de manter os esforços de contenção da pandemia. No centro das atenções, estão as recentes decisões envolvendo a vacinação em São Paulo, que destacam tanto avanços quanto erros estratégicos.
O impasse dos lotes interditados
Uma das principais questões envolve as 12,1 milhões de doses da CoronaVac entregues pelo Instituto Butantan ao Programa Nacional de Imunizações (PNI) e interditadas pela ANVISA. O problema surgiu porque essas doses foram envasadas em uma fábrica chinesa ainda não licenciada pelo órgão regulador.
Inicialmente, a solução proposta foi suspender a distribuição das vacinas e enviar uma delegação para inspecionar a unidade fabril na China. No entanto, o governador João Doria optou por exigir que o Butantan repusesse os lotes interditados, declarando que essa seria a solução mais ágil e adequada para a crise sanitária. Apesar da rapidez na decisão, a situação levanta dúvidas sobre como ocorreu um erro de tamanha gravidade e o destino que será dado aos lotes interditados.
A disputa pela segunda dose
No mesmo dia, o Supremo Tribunal Federal (STF) deu razão ao governo de São Paulo em uma disputa com o Ministério da Saúde sobre o fornecimento de vacinas para completar a segunda dose. O estado argumentou que o ministério mudou o cronograma de entregas sem aviso prévio, enquanto a pasta federal acusou São Paulo de ter utilizado estoques destinados à segunda dose para ampliar a aplicação da primeira.
Com a decisão do STF, prevaleceu a posição de São Paulo, garantindo as doses necessárias para completar o esquema vacinal da população. A vitória judicial reforça o compromisso do estado com a imunização, mas ocorre em um contexto de tensões políticas que podem impactar o ritmo da vacinação em outras regiões do país.
Cálculo político ou estratégia sanitária?
A proximidade das duas decisões levanta suspeitas de que Doria esteja agindo com base em cálculos políticos. Ao exigir a reposição dos lotes interditados, ele evita atrasos na vacinação em São Paulo, mas transfere o ônus de eventuais falhas para o Instituto Butantan e para o governo federal. Por outro lado, ao vencer a disputa com o Ministério da Saúde, o governador demonstra força em sua defesa da vacinação.
Vacinação em foco
Independentemente das motivações, as decisões tomadas no estado de São Paulo refletem a importância de priorizar a vacinação como principal estratégia para controlar a pandemia. Erros e disputas políticas à parte, o avanço da imunização segue sendo crucial para proteger a população e evitar novas ondas de contágio e mortes.
Próximos passos
Ainda é preciso acompanhar os desdobramentos relacionados aos lotes interditados e seus impactos no cronograma nacional de vacinação. Paralelamente, os esforços para garantir a aplicação da segunda dose e aumentar a cobertura vacinal devem ser mantidos, com foco na transparência e na colaboração entre os diferentes níveis de governo.