Enquanto o Brasil avança na vacinação, chegando a 35% da população totalmente imunizada, outros países como Israel enfrentam novos desafios, mesmo após um início promissor. A experiência internacional destaca lições importantes para o controle da Covid-19.
No início de 2021, Israel liderava o ranking mundial de vacinação, com 55% da população imunizada já em março, enquanto o Brasil registrava apenas 1%. Hoje, Israel atingiu 63% de imunização completa, e o Brasil, 35%. Ambos empatam em 65% quando se considera ao menos uma dose. No entanto, o contexto de cada país revela desafios distintos.
O “teto” da vacinação
Israel, que agora ocupa o 30º lugar no ranking global, não enfrentou problemas logísticos ou falta de vacinas. Pioneiro na vacinação de crianças e na introdução de uma quarta dose, o país encontrou limites socioculturais: setores políticos e religiosos se recusam a aderir à campanha de imunização. Nos Estados Unidos, desafios semelhantes são observados.
No Brasil, entretanto, o obstáculo principal continua sendo logístico. Embora o país tenha potencial para alcançar níveis mais altos de vacinação, a escassez de imunizantes e falhas na distribuição dificultam o avanço. São Paulo, que já vacinou 78% da população, demonstra que a adesão é alta onde há oferta de doses.
Lições de Israel e a variante Delta
O caso israelense também serve de alerta sobre os riscos da flexibilização prematura das medidas de controle. Em abril, o país comemorou o sucesso da vacinação com a reabertura do comércio e a dispensa do uso de máscaras em locais abertos. Entretanto, a chegada da variante Delta entre junho e julho reverteu os ganhos.
A média móvel de casos aumentou mais de 20 vezes entre junho e setembro. As mortes, que estavam perto de zero, subiram para 30 por dia, número proporcionalmente 50% superior ao do Brasil. Essa situação colocou Israel entre os epicentros da Covid-19 no mundo, apesar de seu avanço inicial na vacinação.
A efetividade da vacina e os desafios restantes
Embora a média de mortes e casos graves seja significativamente menor entre vacinados, os não vacinados têm representado 10 vezes mais óbitos e internações. Isso confirma a eficácia da imunização, mas reforça a necessidade de combinar estratégias: manter medidas de controle, como uso de máscaras e distanciamento social, enquanto se amplia a cobertura vacinal.
A situação brasileira
No Brasil, os controles são cada vez mais relaxados, mesmo com a vacinação ainda longe de atingir níveis seguros. A meta deve ser vacinar entre 85% e 90% da população, mas isso exige planejamento logístico eficiente e esforços para garantir adesão. A flexibilização excessiva sem respaldo em dados epidemiológicos pode resultar em retrocessos graves, como os observados em Israel.
Reflexão e próximos passos
A pandemia continua a exigir respostas integradas e baseadas na ciência. O Brasil deve olhar para exemplos internacionais, como o de Israel, para evitar repetir erros. A combinação de vacinação ampla e medidas de controle permanece essencial para enfrentar as variantes e proteger a população.