A tarefa é ampliar a segunda dose

A terceira dose da campanha de vacinação é de fato uma necessidade. Os primeiros vacinados são do início do ano, e como foram vacinados com a CoronaVac, muitos já em fevereiro tinham tomado a segunda dose, pois o intervalo entre doses é de 28 dias para esse imunizante.

Com a chegada da variante Delta, já de maior prevalência no Rio de Janeiro e na cidade de São Paulo (70% dos novos casos), a terceira dose para idosos e pessoas com problemas imunológicos que precisam da dose extra para adquirirem a proteção adequada, é de fato medida urgente.

Acontece que falamos de terceira dose num quadro em que apenas 30% da população tomou a segunda dose, e isso se deve, principalmente à escolha do intervalo entre doses da AstraZeneca e da Pfizer de 12 semanas e só agora é que se está começando a diminuir o intervalo.

Em muitos países esses dois imunizantes foram aplicados em prazos de 25 até no máximo 60 dias, o que fez a diferença do percentual de vacinados ser perto de 10% entre quem tomou uma e duas doses.

Mas não foi somente isso, temos aqui uma incrível marca de cerca de 9 milhões de pessoas que tomaram a primeira e faltaram na segunda dose programada. O dado é impreciso e pode refletir falhas no sistema de dados, mas certamente o número é de fato muito elevado.

As pessoas podem ter faltado por muitos motivos, como morte, doença ou algum outro tipo de impedimento, ou simplesmente não querem mais tomar vacina, e a guerra ideológica seguramente tem papel nisso. O fato é que, somando-se os faltosos, o total de imunizados seria de quase 75 milhões ou 35% da população.

Espera-se que as autoridades de saúde das três esferas de gestão entendam que a prioridade é a ampliação da segunda dose, completando o esquema vacinal e a terceira dose para populações específicas, que precisam de dose extra para completarem o esquema vacinal que no restante da população se completa com duas doses.

Não é, portanto, a dose de reforço, que visa uma proteção extra. É o que determinou o Centro Europeu de Prevenção e Controle de Doenças (ECDC), afirmando em relatório publicado na segunda-feira (1) que não há necessidade urgente de administrar doses de reforço a pessoas totalmente vacinadas.

No relatório observaram que “doses adicionais devem ser consideradas para pessoas com sistema imunológico gravemente enfraquecido no quadro de sua vacinação primária, se elas não alcançaram um nível adequado de proteção com a vacinação primária padrão.”

Neste momento, a segunda e a terceira dose cumprem papel idêntico, que é o de promover níveis de proteção adequados frente à variante Delta, principalmente. Dose extra em massa, reforço vacinal, é conversa para depois da vacinação completa de mais de 80% da população.

O que provavelmente será tarefa para uma segunda campanha de vacinação.

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