Controvérsias sobre a vacina e desafios enfrentados pelo Butantan
O Instituto Butantan entregou recentemente mais 10 milhões de doses da vacina CoronaVac ao Ministério da Saúde, totalizando quase 93 milhões de doses entregues das 100 milhões contratadas. A vacina, desenvolvida em parceria com o laboratório chinês SinoVac, foi a primeira a ser utilizada em grande escala no Brasil, sendo a principal imunização para os idosos, público prioritário no início da vacinação.
Apesar de ter sido alvo de críticas e desinformação, a CoronaVac se mostrou eficaz na redução de internações e mortes, como evidenciado pelo estudo realizado em Serrana (SP). Seu intervalo curto de aplicação, com a segunda dose administrada em 28 dias, fez com que aqueles vacinados com o imunizante do Butantan formassem a maioria dos 28% de pessoas totalmente imunizadas no Brasil.
No entanto, o imunizante foi alvo de ataques políticos e ideológicos, principalmente por parte do governo federal, que questionou sua eficácia, muitas vezes associando-a à origem chinesa e gerando um clima de desinformação. Fora do Brasil, especialmente nos países do norte global, esses ataques também são vistos como parte de uma guerra comercial, com o mercado de vacinas envolvendo bilhões de dólares e a China se consolidando como uma importante fornecedora de medicamentos e insumos médicos.
Recentemente, a vacina foi excluída do Programa Nacional de Imunização (PNI) em relação às doses de reforço, decisão que gerou controvérsia e críticas. O Ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, justificou essa escolha alegando que há vantagens em cruzar diferentes tecnologias vacinais, citando estudos que favorecem a intercambialidade. No entanto, muitos especialistas e gestores do Butantan questionam essa justificativa, apontando que há estudos igualmente robustos que mostram bons resultados ao se utilizar a mesma vacina para a dose de reforço.
Para o governo paulista e para os gestores do Butantan, a decisão parece ser uma questão política, uma continuação das disputas entre os governos estaduais e federais. A exclusão da CoronaVac do PNI pode prejudicar financeiramente o Instituto, além de impactar a continuidade dos investimentos em sua infraestrutura de produção. Vale lembrar que o Butantan está também avançando na pesquisa para a produção da ButanVac, uma vacina 100% nacional.
No Brasil
- Registros de mortes: 313
- Total de mortes: 579.643
- Média móvel de mortes (últimos 7 dias): 671
- Casos confirmados (24h): 12.453
- Casos acumulados: 20.751.108
- Média móvel de novos casos (últimos 7 dias): 23.975
- Casos ativos: 1,128 milhão
- Pessoas vacinadas (1ª dose): 130,0 milhões (60,95% da população)
- Pessoas imunizadas (2ª dose ou dose única): 61,2 milhões (28,67% da população)
No Mundo
- Casos: 217,7 milhões
- Óbitos: 4.521.900
- 1º EUA: 655,6 mil
- 2º Brasil: 579,6 mil
- 3º Índia: 438,6 mil
- 4º México: 258,2 mil
- 5º Peru: 198,2 mil
- 6º Rússia: 182,4 mil
O cenário global e nacional ainda exige atenção redobrada. A vacinação continua sendo a principal medida de contenção da pandemia, mas a competição política e as discussões em torno da eficácia de diferentes vacinas podem prejudicar os esforços de imunização. A aceleração das campanhas de vacinação, especialmente em relação à segunda dose e reforço, permanece fundamental para evitar novos picos da doença.