Os Desafios da Mortalidade Masculina e o Impacto das Desigualdades Sociais na Pandemia de Covid-19

Fatores genéticos, comportamentais e socioeconômicos intensificam as desigualdades no combate à pandemia

A pandemia de Covid-19 tem revelado profundas desigualdades, que não apenas afetam a distribuição de vacinas e cuidados médicos, mas também expõem características de comportamento e condições genéticas que podem influenciar a gravidade da doença. Entre os grupos mais afetados, o gênero masculino se destaca, com homens apresentando taxas mais altas de mortalidade e complicações graves. Esse fenômeno não é apenas resultado do comportamento individual, mas também de fatores sociais e genéticos que intensificam a vulnerabilidade masculina frente à pandemia.

Historicamente, os homens têm sido menos propensos a procurar cuidados médicos, resistindo ao diagnóstico precoce e ao tratamento contínuo de doenças crônicas, como hipertensão e problemas cardiovasculares. A aversão ao cuidado preventivo, que inclui exames como o toque retal para diagnóstico precoce do câncer de próstata, reflete o machismo arraigado nas sociedades, onde a figura masculina muitas vezes é associada à força e à resistência, levando à negligência de sua saúde.

A falta de cuidados médicos, somada ao maior número de comorbidades, como doenças cardíacas, diabetes e hipertensão, já coloca os homens em um grupo de risco mais elevado para complicações de saúde. No contexto da pandemia, essas condições preexistentes se intensificaram, resultando em uma maior taxa de mortalidade entre os homens infectados pelo coronavírus. Para agravar a situação, os dados indicam que os homens também têm mais dificuldade em aderir às medidas preventivas recomendadas, como o uso correto e constante de máscaras, o que favorece a transmissão do vírus.

Estudos realizados pelo Ministério da Saúde confirmam que os homens estão mais propensos a desenvolver formas graves de Covid-19, especialmente quando comparados às mulheres. Além disso, essa tendência se agrava em determinados grupos sociais. Homens negros e de baixa renda, por exemplo, têm mostrado taxas de mortalidade ainda mais altas. Trabalhadores em setores essenciais, como transportes e frigoríficos, que são predominantemente homens, têm enfrentado maior exposição ao vírus, o que também contribui para os elevados números de mortes dentro dessas categorias.

No entanto, a explicação para a maior vulnerabilidade masculina à Covid-19 vai além do comportamento e das condições socioeconômicas. Pesquisadores do Centro de Estudos do Genoma Humano e de Células-Tronco (CEGH-CEL) publicaram um estudo que sugere que fatores genéticos podem ser determinantes para o maior risco dos homens em relação à infecção e à mortalidade pela Covid-19. O estudo, que investigou a transmissão do vírus em casais, revelou que os homens eram mais frequentemente os primeiros a se infectar, mesmo quando ambos os membros do casal estavam expostos ao vírus. Isso indica que, além das questões comportamentais, o sexo masculino pode ter uma predisposição biológica para maior susceptibilidade ao vírus.

A complexidade da Covid-19 e suas manifestações ainda desafiam os cientistas, que precisam analisar e compreender as muitas variáveis que influenciam a mortalidade e a gravidade da doença. A doença, ainda nova, continua a surpreender, mostrando que, além das comorbidades e do comportamento social, a genética e fatores anatômicos podem desempenhar papéis cruciais na forma como os diferentes grupos lidam com a infecção.

No entanto, o que se torna cada vez mais claro é que as desigualdades sociais, incluindo o acesso desigual a cuidados de saúde e vacinas, têm sido um dos maiores determinantes na resposta de cada país à pandemia. Enquanto algumas nações têm enfrentado dificuldades em garantir vacinas e tratamentos para toda a população, outras, com maiores recursos, têm conseguido controlar a propagação do vírus de maneira mais eficaz. A oferta desigual de vacinas e insumos médicos continua a ser um desafio global, e os efeitos dessa disparidade se refletem diretamente nas taxas de infecção e mortalidade observadas em diferentes regiões do mundo.

No Brasil

  • Registros de mortes: 656
  • Total de mortes: 579.052
  • Média móvel de mortes (últimos 7 dias): 687
  • Casos confirmados (24h): 23.155
  • Casos acumulados: 20.726.800
  • Média móvel de novos casos (últimos 7 dias): 24.722
  • Casos ativos: 1,111 milhão
  • Pessoas vacinadas (1ª dose): 128,671 milhões (60,32% da população)
  • Pessoas imunizadas (2ª dose ou dose única): 60,162 milhões (28,21% da população)

No Mundo

  • Casos: 216,7 milhões
  • Óbitos: 4.405.900
  • 1º EUA: 654 mil
  • 2º Brasil: 579 mil
  • 3º Índia: 437,9 mil
  • 4º México: 257,1 mil
  • 5º Peru: 198,1 mil
  • 6º Rússia: 180,8 mil

O entendimento de que as desigualdades socioeconômicas, comportamentais e genéticas têm impactado a resposta global à pandemia é essencial para a formulação de políticas públicas mais eficazes e justas. A luta contra a Covid-19 não se resume apenas à distribuição de vacinas, mas também à compreensão das múltiplas camadas de vulnerabilidade que diferentes grupos enfrentam e à adoção de medidas que visem reduzir as disparidades e salvar vidas.

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