Enquanto a vacinação avança, o Brasil enfrenta um novo desafio: a escassez de seringas adequadas
A vacinação contra a Covid-19 no Brasil ainda enfrenta desafios inesperados, mesmo após meses de campanha. Recentemente, em audiência pública na Câmara Federal, secretários estaduais de saúde alertaram para a escassez de seringas 1ml, as mais adequadas para a aplicação da vacina da Pfizer. Esse tipo de seringa é necessário devido à dose mais precisa de 0,3 ml, em contraste com as vacinas que exigem 0,5 ml, como as da AstraZeneca e CoronaVac. A utilização de seringas mais largas, como as de 3 ml, pode gerar desperdício, pois aumenta o risco de administrarem doses maiores do que o necessário, fazendo com que, em vez de vacinar 3 milhões de pessoas, 2 milhões sejam vacinadas.
Apesar da escassez, o Ministério da Saúde afirmou que o uso de seringas de 3 ml seria uma solução temporária, enquanto uma licitação está em andamento para adquirir as seringas apropriadas. No entanto, especialistas da indústria médica destacam a falta de planejamento antecipado, sugerindo que o governo deveria ter feito as compras com mais antecedência, uma vez que já se sabia da necessidade dessas seringas desde o início da pandemia.
Esse episódio revela um padrão de falhas na gestão de recursos essenciais para a vacinação. Como mencionei em dezembro de 2020 e fevereiro de 2021, já era sabido que a vacinação dependia de insumos como seringas, algodão, luvas e caixas térmicas, itens que continuaram a faltar no início do processo. O planejamento para garantir a disponibilidade desses materiais deveria ter começado muito antes de as vacinas estarem disponíveis para a população.
Atualmente, o Brasil enfrenta sérios problemas relacionados à vacinação, refletidos nos números de casos e mortes, com 574.944 óbitos confirmados e uma média móvel de 766 mortes diárias. Enquanto isso, o número de pessoas completamente imunizadas permanece abaixo do ideal, com apenas 26,42% da população vacinada com as duas doses ou dose única, deixando o país vulnerável ao avanço da pandemia, especialmente com a circulação das variantes mais agressivas, como a Delta.
Esse cenário é uma clara demonstração de que, além da falta de planejamento, o negacionismo e a desinformação continuam a impactar a capacidade de resposta do Brasil à pandemia. O país ainda enfrenta sérias dificuldades para concluir sua campanha de vacinação de forma eficiente, e a escassez de seringas é apenas mais um reflexo dessa falha sistêmica.