De dia falta água, de noite falta luz

“Hoje ficamos sabendo por exemplo que após dois dias de negociação, fracassou o terceiro pregão realizado pelo estado de São Paulo para adquirir 50 milhões de agulhas e seringas para vacinação contra a Covid-19”. Calma, isso é notícia velha. Na verdade, faz parte do meu diário da pandemia de 11 de dezembro do ano passado.

O que é para assustar é a notícia de hoje (hoje mesmo) de que faltam seringas adequadas para a vacinação, especialmente da Pfizer. Em audiência pública na Câmara Federal, secretários estaduais de saúde alertaram para a escassez de seringas 1ml, que são mais finas e mais adequadas para usar a Pfizer, que é inoculada em doses de 0,3 ml, enquanto as demais em doses de 0,5.

Na prática, a seringa mais larga oferece menor precisão no controle da dose, o que pode acarretar uma dose maior de vacina, o que não prejudica a pessoa vacinada, mas causa desperdício, vacinando 2 pessoas quando poderia ser 3. Isso mesmo, num lote de 3 milhões, com seringa errada acaba sendo vacinada 2 milhões.

E o que diz o Ministério da Saúde? Afirma em nota que com a “indisponibilidade de seringas no mercado” deve se fazer o uso “alternativo temporário” de seringas de 3 ml, e que uma licitação para compra está em andamento.

Os fabricantes falam que tem condições de suprir a demanda, mas falam na necessidade de planejar e “ver quantas pessoas ainda faltam ser vacinadas e comprar as seringas com uma boa antecipação. Nessas condições, as empresas aqui instaladas terão condições de fornecer”, disse Paulo Fraccaro da Associação Brasileira da Indústria de Dispositivos Médicos.

Fraccaro, por óbvio, está interessado em garantir que vão produzir e vender, no mundo perfeito do capitalismo sem risco sustentado com verba pública. Mas não deixa de ter razão em apontar a falta de planejamento.

Como escrevi em dezembro do ano passado, já se sabia primeiro que existia a vacina, segundo que para vacinar precisa-se de seringas. Se a intenção fosse realmente vacinar os insumos para a vacinação deveriam estar planejados a no mínimo um ano.

Seguindo as rememorações, vejam o que escrevi em 17 de fevereiro: “Também me refiro a um Ministério da Saúde que não tem plano exequível de vacinação, apresentou seu “rascunho” em dezembro do ano passado e até hoje, se fossemos vacinar para valer, faltariam insumos como algodão, seringas, caixas térmicas, luva descartável, entre as mais simples. Coisas que só não estão faltando porque o que falta antes é a própria vacina”.

Infelizmente, dito e feito, bastou existir a oferta de vacina e aparece a escassez de seringas. E o negacionismo segue operando.

● NO BRASIL
Registro de mortes hoje: 370
Total de mortes: 574.944
Média móvel de mortes nos últimos 7 dias: 766
Casos confirmados em 24 horas: 15.364
Casos acumulados na pandemia: 20.583.286
Média móvel de novos casos nos últimos 7 dias: 29.186
Casos ativos: 1,173 milhão
219 dias de campanha geral e 200 segunda dose ou dose única.
– pessoas vacinadas ao menos uma dose: 124,190 milhões (58,65% da pop.)
– imunizadas: 55,940 milhões (26,42% da pop.), sendo 4,080 milhões com dose única.

● NO MUNDO
Casos: 213,2 milhões
Óbitos: 4.451.700
1º – E U A: 645,8 mil
2º – Brasil: 574,9 mil
3º – Índia: 435 mil
4º – México: 253,2 mil
5º – Peru: 197,8 mil
6º – Rússia: 176,8 mil
(SP: 144,2 mil)
7º – Reino Unido: 131,7 mil
Dados JHU (Johns Hopkins University).

É o que registra o diário de bordo.

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