Enquanto os países europeus enfrentam um aumento nas mortes, o Brasil ainda luta para vacinar sua população de forma eficaz
Nos últimos 21 dias, países como Itália, Espanha, Reino Unido e França apresentaram um aumento discreto, porém contínuo, na média móvel de óbitos por Covid-19. Embora a variação tenha sido menor no Reino Unido (20%), os outros países europeus registraram variações de 150% a 160%. Em contraste, no Brasil, a média móvel de mortes diminuiu 23%, marcando uma queda consistente no número de óbitos. A grande diferença entre esses países é o nível de vacinação: enquanto a taxa de imunização na Europa está acima de 60%, o Brasil chega a apenas 26%.
A prevalência da variante Delta é um fator comum entre esses países, que experimentam uma situação de aumento de casos e óbitos, mas controlados pelo avanço da imunização. No entanto, a eficácia das vacinas parece estar diminuindo com o tempo, especialmente em relação à variante Delta. Estudos apontam que a eficácia das vacinas contra a Delta é mais baixa em comparação com outras cepas do coronavírus, além de indicar que a proteção oferecida pelas vacinas diminui alguns meses após a segunda dose. Esse cenário tem aquecido o debate sobre a necessidade de uma terceira dose de reforço.
Israel, por exemplo, já iniciou a aplicação da terceira dose em pessoas com mais de 40 anos, e os resultados mostraram um aumento significativo na proteção contra mortes e casos graves. O Chile e o Uruguai também já começaram a vacinação de reforço, com a combinação de diferentes tipos de vacinas, como AstraZeneca e Pfizer, para aqueles que receberam a CoronaVac. Esses países, com índices de imunização próximos de 70%, já avançaram na proteção da população, enquanto o Brasil segue com desafios significativos devido à baixa cobertura vacinal.
A discrepância na imunização entre o Brasil e os países vizinhos e europeus é notável. O Brasil, com apenas 26% da população completamente imunizada, não tem capacidade de avançar para a dose de reforço nem de aplicar vacinas de diferentes fabricantes. A realidade no Brasil é de um “cobertor curto”, onde a oferta de vacinas é insuficiente para cobrir a demanda.
Atualmente, o Brasil registra 574.574 mortes e 20.567.922 casos acumulados de Covid-19. A média móvel de mortes nos últimos sete dias é de 765, e o número de casos ativos é de 1,172 milhão. A vacinação avança, com 122,8 milhões de pessoas recebendo ao menos uma dose, mas o Brasil ainda está muito atrás dos índices necessários para um controle efetivo da pandemia.
Este quadro reflete a realidade desafiadora do Brasil, onde a luta contra a pandemia não é apenas contra o vírus, mas também contra a escassez de vacinas e a falta de uma estratégia de imunização mais eficaz. O aumento da variante Delta nos países europeus é um lembrete claro de que a vacinação deve ser acelerada e complementada com doses de reforço para garantir proteção contínua contra as variantes mais transmissíveis.