O Impacto da Variante Delta e os Desafios da Vacinação no Brasil


Enquanto a variante Delta ameaça a eficácia da vacinação, a discrepância na imunização entre o Brasil e outros países continua a dificultar o controle da pandemia

A variante Delta tem se mostrado um grande desafio na luta contra a pandemia, afetando de forma mais intensa a eficácia das vacinas, principalmente em indivíduos com esquema vacinal incompleto. Isso é especialmente preocupante no Brasil, onde a vacinação avançou consideravelmente, mas a taxa de imunização ainda está aquém do necessário para alcançar uma proteção robusta contra a Covid-19. Atualmente, o Brasil tem cerca de 58% da população vacinada com ao menos uma dose, mas apenas 26% completamente imunizados.

A diferença entre o Brasil e países como Itália, Reino Unido e Espanha se torna evidente quando comparamos a porcentagem de imunizados. Enquanto esses países alcançaram 58% de vacinados, mais de 40% de sua população já estava completamente imunizada. O segredo? Intervalos menores entre a primeira e a segunda dose. Nos países europeus, o intervalo é de 25 a 40 dias para a Pfizer e de 30 a 60 dias para a AstraZeneca, enquanto no Brasil o intervalo entre as doses é de 28 dias para a CoronaVac e de 12 semanas (84 dias) para Pfizer e AstraZeneca.

A urgência em ampliar a vacinação com a segunda dose é clara, e iniciativas como a da Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo, que está direcionando as sobras de vacinas (xepa) para aplicar a segunda dose, são bem-vindas. Inicialmente, o critério era de 60 dias ou mais após a primeira dose, mas agora foi reduzido para 30 dias. A xepa consiste na utilização de vacinas de frascos já iniciados, que contêm 10 doses. As pessoas cadastradas são avisadas e se dirigem aos postos de vacinação para receber a segunda dose. Essa medida tem acelerado a imunização, com cerca de 2 mil doses sendo aplicadas por dia na capital paulista.

Embora a xepa seja uma estratégia importante, ela não é uma solução abrangente, já que depende da disponibilidade das sobras de vacinas e da capacidade de deslocamento das pessoas até os postos. Além disso, as más notícias sobre a variante Delta, como a tendência de aumento de mortes entre idosos imunizados no Rio de Janeiro, têm intensificado o debate sobre a necessidade da terceira dose.

Enquanto países como EUA, Chile, Uruguai e algumas nações europeias já estão aplicando ou planejando aplicar a terceira dose, o Brasil enfrenta a dura realidade de uma cobertura vacinal limitada. Esses países têm índices de imunização da segunda dose entre 140% e 200% superiores aos do Brasil, o que lhes permite tomar decisões sanitárias com maior liberdade, sem as restrições impostas pela escassez de vacinas.

A situação no Brasil é grave. Com 574.243 mortes e 20.553.744 casos acumulados de Covid-19, a média móvel de mortes nos últimos sete dias é de 773, e o número de casos ativos é de 1,16 milhão. A vacinação continua, com 122,4 milhões de pessoas recebendo ao menos uma dose, mas o país ainda tem muito a percorrer para alcançar uma imunização mais ampla e eficaz.

A comparação com outros países revela a desvantagem do Brasil no enfrentamento da pandemia, destacando a necessidade urgente de acelerar a vacinação e reduzir a disparidade entre a quantidade de vacinas aplicadas e as necessárias para alcançar a imunização plena. A variante Delta só reforça a urgência de garantir que a população brasileira esteja completamente imunizada o mais rápido possível.

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