Variante Delta, sabe-se o que tem que ser feito, mas…

O Rio de Janeiro apresentou média móvel de novos casos de Covid-19 de 2.017, mais que o dobro de um mês atrás. Pior, esse número está entre os 10 maiores desde o início da pandemia. O nome disso é 3ª onda impulsionada pela expansão da variante Delta, o fator Delta.

Isso não é exatamente uma surpresa, pois inúmeras experiências internacionais dão conta do padrão de expansão da variante que, no intervalo de 1 a 2 meses depois de se instalar numa população, acaba se tornando a mais prevalente (em vários casos passam a ser 100% dos novos casos).

Como características muito conhecidas da Delta temos a maior transmissibilidade e elevação de casos graves e mortes. O vírus, na versão variante Delta, dribla com mais facilidade o sistema imunológico, infectando inclusive quem já foi completamente vacinado e, pior, estudos indicam que a efetividade das vacinas se torna menor.

Nos países europeus e nos EUA a subida da média móvel de mortes não foi proporcional a de novos casos, que chegou a valores similares aos piores da ondas anteriores.

Então repetiremos esse padrão de menor mortalidade por aqui. A resposta é não, pois nesses países a taxa de vacinação é superior à nossa e no caso dos imunizados (esquema vacinal completo) a taxa é de 100 a 170% superior.

Mesmo com tantos sinais e alertas da comunidade científica, me parece que nosso caminho será repetir os erros persistentes desde o começo da pandemia.

Esperaremos o quadro se agravar, algumas autoridades se mostrarão surpresas com a periculosidade da “nova” variante Delta e sempre haverá as fotos de praias e estádios lotados para demonstrar que a população não está colaborando.

Ampliar rapidamente a vacinação da segunda dose e manter ou ainda ampliar as medidas de isolamento, rastreamento e barreiras sanitárias seria o correto a se fazer. Não será feito.

Aqui em São Paulo, por exemplo, o governador Doria anunciou na terça-feira o liberou geral do comércio e outras atividades, com previsão para novembro de partidas de futebol com público nos estádios.

Jogos que já acontecem em outros estados. Ontem mesmo foram mais de 17 mil torcedores no Jogo do Galo x River. Máscaras? Protocolos? Nada disso se viu.

Voltando ao Doria, o mais 171 dos combatentes contra a pandemia, na terça-feira deixou cair a máscara (metaforicamente), pois além de anunciar o afrouxamento das medidas de segurança sanitária, o fim mesmo da quarentena social, anunciou de quebra a dissolução do comitê de contingência, que eram os especialistas que o aconselhavam em matéria de pandemia.

Em entrevista de hoje para o site UOL, o infectologista Marcos Boulos disse: “Os especialistas do Centro de Contingência [estavam] se sentindo meio mal, não sendo ouvidos (…). Ainda mais recentemente, as decisões eram tomadas, relacionadas à saúde, mesmo sem passar pelo Centro de Contingência. As decisões do governo eram feitas, de certa maneira, ignorando a presença do Centro de Contingência”.

Boulos, que já fez parte do comitê, já em março tinha declarado que Doria “cedeu à pressão de interesses”, sem especificá-los, mas deixando evidente que a segurança sanitária passou para segundo plano. A variante Delta agradece.

No Brasil:


Registro de mortes hoje: 925


Total de mortes: 573.658


Média móvel de mortes nos últimos 7 dias: 821


Casos confirmados em 24 horas: 34.013


Casos acumulados na pandemia: 20.528.027


Média móvel de novos casos nos últimos 7 dias: 30.046


Casos ativos: 1,149 milhão


216 dias de campanha geral e 197 segunda dose ou dose única.

  • pessoas vacinadas ao menos uma dose: 121,263 milhões (57,27% da pop.)
  • imunizadas: 54,001 milhões (25,50% da pop.), sendo 4,062 milhões com dose única.

No mundo:

Casos: 211,5 milhões

Óbitos: 4.426.300

1º – E U A: 644,3 mil

2º – Brasil: 573,6 mil

3º – Índia: 434 mil

4º – México: 251,3 mil

5º – Peru: 197,7 mil

6º – Rússia: 174,5 mil

(SP: 144 mil)

7º – Reino Unido: 131,5 mil

Dados JHU (Johns Hopkins University).

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