Vacinas e Variante Delta: A Urgência da Imunização Completa no Brasil

Estudo do Imperial College reforça eficácia das vacinas, mas Brasil enfrenta desafios com cobertura vacinal e adesão às medidas de proteção.

Um estudo divulgado na terça-feira (10) pelo Imperial College (Reino Unido) reiterou a eficácia das vacinas contra o Sars-CoV-2, mas sublinhou a importância de se completar o esquema vacinal com duas doses (ou vacina de dose única). A variante Delta, que tem se espalhado rapidamente por vários países, como EUA, Reino Unido, França, Espanha e Itália, segue sendo uma preocupação global, com destaque para o aumento de casos nesses locais. No entanto, os dados indicam que, embora o número de infecções tenha aumentado, a mortalidade não acompanha o mesmo ritmo, em parte devido à alta cobertura vacinal.

Essa tendência, no entanto, não deve nos tranquilizar. O Brasil, com uma cobertura vacinal bem abaixo de outros países, está longe de alcançar a segurança necessária contra a variante Delta. A diferença no número de pessoas imunizadas entre o Brasil e países como a França, por exemplo, é alarmante: enquanto a França tem 72% da população com a primeira dose e 62% com o esquema vacinal completo, o Brasil apresenta números muito mais baixos, com 52% de primeira dose e apenas 22% de imunização completa. Essa disparidade é um reflexo da diferença no ritmo da vacinação, especialmente no intervalo entre as doses. Em países europeus, como a França, o intervalo entre as doses foi de 4 a 8 semanas, enquanto no Brasil, para as vacinas AstraZeneca e Pfizer, o intervalo chegou a 12 semanas, retardando a imunização completa.

Com uma cobertura vacinal limitada e um cenário em que medidas de isolamento têm sido frágeis, o Brasil enfrenta grandes riscos de uma nova escalada da pandemia. A falta de adesão ao uso de máscaras e a dificuldade em sustentar medidas de distanciamento social agravam ainda mais a situação. Embora a variante Delta tenha levado a um aumento de casos e mortes em vários países, o impacto no Brasil pode ser muito mais severo devido à baixa imunização e à escassez de ações eficazes para controlar a disseminação do vírus.

Outro fator preocupante é o dado revelado pelo Ministério da Saúde de que 7 milhões de pessoas que tomaram a primeira dose da vacina não retornaram para receber a segunda. Este dado, embora possa ter falhas de registro, é um reflexo claro da baixa adesão à segunda dose, o que compromete ainda mais a proteção da população. O Brasil poderia estar muito mais avançado no processo de vacinação, mas o negacionismo e as manobras políticas ao longo da pandemia dificultaram a implementação de um plano de vacinação eficiente e em tempo hábil.

Embora as vacinas mostrem-se eficazes, inclusive contra a variante Delta, a realidade no Brasil mostra que a imunização completa e a adesão a medidas de proteção são cruciais para evitar uma nova onda de infecções. A resposta ao avanço da variante Delta no Brasil passa, portanto, pela aceleração da vacinação, especialmente com a segunda dose, e pela implementação de medidas de controle mais eficazes.

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