A Lenta Avançada da Vacinação e Seus Impactos no Brasil

Comemorando o 200º dia de campanha de vacinação contra a COVID-19, o Brasil enfrenta uma realidade alarmante de lentidão na imunização, que reflete a ineficiência do governo federal em lidar com a pandemia de maneira eficaz e responsável.

Em 4 de agosto de 2021, o Brasil completou o 200º dia de sua campanha de vacinação contra a COVID-19, com cerca de 148 milhões de doses administradas, uma média de 740 mil vacinas diárias. Embora este número pareça impressionante à primeira vista, o país ainda está longe de atingir a imunidade comunitária necessária para controlar a pandemia de forma definitiva. Para alcançar essa meta, seriam necessárias quase 320 milhões de doses, considerando que a maioria dos imunizantes exige duas aplicações para uma imunização completa. Isso coloca o Brasil em um caminho ainda distante de concluir a vacinação em massa da população.

Apesar de ocupar o 4º lugar mundial no total de doses administradas, o Brasil está atrás de mais de 60 países quando o critério é o percentual da população vacinada. Esses países variam em tamanho, riqueza e localização, e incluem tanto nações desenvolvidas quanto em desenvolvimento, com destaque para a América Latina, Ásia, Europa e Oceania. O gargalo, como se sabe, não está na capacidade de vacinação, que poderia facilmente alcançar 2 milhões de doses diárias, mas na disponibilidade limitada de vacinas, agravada pela condução errática do governo federal.

A lentidão no processo de vacinação tem sérias consequências, principalmente devido à falta de um plano estratégico e à politização da crise sanitária. O governo Bolsonaro falhou de maneira catastrófica na gestão da pandemia, levando a um número de mortes e sequelados que superou as piores previsões. O Brasil, atualmente, é o segundo país com mais mortes por COVID-19, apenas atrás dos Estados Unidos. Além disso, a demora na imunização contribui para um cenário onde, em julho de 2021, o número de óbitos foi 20% maior do que no pior mês de 2020, o que reflete a ineficiência no controle da pandemia e uma naturalização da crise.

Com o aumento do número de casos em várias partes do mundo, a variante Delta se apresenta como uma ameaça crescente. No Reino Unido, por exemplo, onde cerca de 60% da população está completamente vacinada, a chegada da variante Delta resultou em um aumento significativo de casos. Embora as mortes não tenham acompanhado esse aumento de casos, houve um aumento de óbitos, passando de menos de 10 por dia para mais de 80 mortes diárias. Essa situação serve como um alerta para o Brasil, onde apenas 21% da população está imunizada. O risco de uma terceira onda da pandemia, com novas variantes mais contagiosas, é iminente.

A carta enviada pelos governadores ao Ministério da Saúde, destacando a preocupação com o aumento de óbitos e a disseminação da variante Delta, pede por ações imediatas para evitar uma catástrofe ainda maior. Entretanto, a resposta do governo federal até agora tem sido ineficaz, com retórica vazia e promessas não cumpridas. O concreto seria uma ação coordenada, com mais vacinas, medidas de isolamento, testagem em massa e distribuição de máscaras de qualidade, além de um alerta nacional de emergência sanitária que realmente despertasse a consciência da população para a gravidade da situação.

O cenário atual exige uma ação urgente e coordenada para enfrentar a pandemia, com foco na vacinação em massa, no reforço das medidas de proteção e no enfrentamento das variantes do vírus. Contudo, a falta de liderança e compromisso por parte do governo federal continua sendo um obstáculo significativo para a implementação de estratégias eficazes. O temor de muitos é que, após a pandemia, o país apenas possa avaliar a negligência e os erros cometidos, sem que os responsáveis sejam devidamente responsabilizados.

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