Variante Delta: A Intensificação dos Riscos e Desafios Globais e Nacionais

OMS alerta para o aumento da variante Delta e sua alta transmissibilidade; Brasil segue com baixa cobertura vacinal e medidas sanitárias fragmentadas.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) tem elevado o tom de seus alertas sobre a expansão da variante Delta do Sars-CoV-2, uma das mutações mais contagiosas do vírus. Já presente em 132 países, a variante tem se mostrado significativamente mais transmissível, acelerando o número de infecções em uma velocidade alarmante. Países como Japão, EUA, Reino Unido e China têm enfrentado um aumento substancial de casos, com a variante Delta alcançando quase 100% de prevalência em algumas dessas regiões. No Brasil, no entanto, a variante Delta responde por apenas 15% dos casos, embora esse número possa ser subestimado devido à baixa testagem e à falta de vigilância genômica.

Com o avanço da variante, muitos países têm endurecido as restrições sanitárias para tentar conter a disseminação do vírus. Na China, novos confinamentos foram impostos, e o Japão declarou estado de emergência sanitária no contexto das Olimpíadas, uma medida extrema para limitar o impacto da Covid-19 durante um evento internacional. Em contraste, na Austrália, a presença do exército nas ruas tem sido utilizada para garantir o cumprimento das restrições, algo impensável no Brasil, onde, sob a gestão do presidente Bolsonaro, as medidas sanitárias têm sido descontinuadas ou ignoradas, favorecendo a propagação do vírus.

A variante Delta é aproximadamente 50% mais transmissível do que outras variantes do vírus, o que torna o relaxamento das medidas de proteção um risco elevado, especialmente em países com cobertura vacinal incompleta. No Brasil, onde a imunização completa atinge apenas 20% da população, muitas medidas de restrição, como a liberação de eventos e a autorização para presença de público em estádios de futebol, têm gerado preocupações quanto à sua eficácia. O uso de máscaras, embora recomendado, tem sido amplamente desrespeitado, com muitas pessoas circulando em público sem proteção, especialmente em São Paulo, onde a fiscalização é quase inexistente.

O Brasil, ao contrário de outros países que implementaram lockdowns rigorosos, nunca teve uma coordenação nacional eficaz de medidas sanitárias. Durante grande parte da pandemia, o governo federal, sob orientação de Bolsonaro, minou os esforços de governadores e prefeitos que tentaram adotar estratégias mais rígidas de contenção. Embora a vacinação tenha avançado lentamente, com 47,5% da população recebendo ao menos uma dose, a vacinação completa ainda está aquém do necessário para garantir proteção contra a variante Delta, que exige um esquema vacinal completo para maior eficácia.

A situação no Brasil segue preocupante, com a média móvel de mortes ainda muito alta, acima de 900 óbitos diários, e o total de mortes chegando a 556.437. O país continua enfrentando uma pressão imensa, com 1,5 milhão de casos ativos e uma média de novos casos diários de mais de 35 mil. A vacina, embora eficaz, não é suficiente para controlar a disseminação do vírus sem medidas sanitárias adicionais, como o isolamento social e o uso consistente de máscaras.

Em um contexto global, os EUA seguem como o país com o maior número de mortes, seguidos pelo Brasil, Índia e México. A OMS e outras autoridades de saúde alertam para a necessidade urgente de intensificar as campanhas de vacinação e reforçar as medidas de proteção, especialmente nos países com cobertura vacinal insuficiente, como o Brasil. A variante Delta continua sendo uma ameaça real, e sem uma resposta coordenada e eficaz, os riscos de uma nova onda de infecções são elevados.

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