Em um cenário de pandemia incontrolável, a realização da Copa América no Brasil, com apoio das autoridades e sem planejamento sanitário, representa um episódio de negligência e desrespeito à saúde pública.
A realização da Copa América no Brasil, após ser rejeitada pela Colômbia e pela Argentina, é um exemplo claro da falta de responsabilidade das autoridades e da irresponsabilidade de algumas lideranças, como o presidente Jair Bolsonaro e o prefeito Eduardo Paes. Organizada em cima da hora, sem planejamento adequado de segurança sanitária, a competição aconteceu em um momento crítico da pandemia, quando o Brasil ainda lidava com altos números de contaminação e mortes. A decisão de realizar o evento, sem preocupação com o impacto na saúde pública, demonstra um total descompromisso com a vida dos brasileiros e com os alertas da comunidade científica.
O saldo para a pandemia foi devastador: 168 novos casos de Covid-19 entre jogadores, comissões técnicas e demais envolvidos. Mas o pior ainda estava por vir. Ao invés de priorizar a segurança e a saúde, as autoridades permitiram que o jogo final fosse realizado com público no Maracanã, um espaço emblemático, mas, nesse contexto, transformado em palco de irresponsabilidade. O prefeito Eduardo Paes, com sua retórica vazia, chamou o evento de “teste”. Teste de quê? Talvez da resistência da população carioca ao sofrimento, em uma cidade já gravemente afetada pela pandemia, com uma das piores taxas de mortalidade por 100 mil habitantes no Brasil.
Enquanto isso, o Brasil segue enfrentando uma crise sanitária sem controle. Mesmo com a média de óbitos caindo, a situação ainda é grave e as variáveis da pandemia continuam fora de controle. A falta de coordenação nacional para as ações de enfrentamento e as medidas não farmacológicas ainda são um desafio. A vacinação, que deveria ser a principal estratégia de contenção, avança de forma lenta e desigual entre os estados e regiões do país. Enquanto alguns estados, como Mato Grosso do Sul, avançam mais rapidamente, outros, como o Amapá, continuam com índices preocupantes de imunização.
No cenário nacional, os números da pandemia continuam alarmantes, com mais de 532 mil mortes e mais de 19 milhões de casos confirmados. A média móvel de mortes ainda é elevada, com cerca de 1.321 mortes diárias nos últimos sete dias. Os casos ativos no país também são expressivos, com mais de 1,5 milhão de pessoas ainda convivendo com a doença.
Enquanto o Brasil vive esse drama, o mundo também enfrenta seus desafios. Com mais de 187 milhões de casos e 4 milhões de mortes, a pandemia ainda é uma ameaça global. A liderança dos Estados Unidos, com mais de 622 mil mortes, e a posição do Brasil como o segundo país com mais óbitos, são tristes recordes que mostram a gravidade da crise.
A Copa América e as decisões que permitiram a sua realização são apenas mais um capítulo de um governo que, infelizmente, se mostrou incapaz de lidar com a pandemia de forma responsável. A saúde e a vida da população brasileira não podem ser usadas como moeda de troca para interesses políticos e econômicos. A pandemia ainda está longe de ser controlada, e a população merece um governo que, em vez de ignorar os alertas, tome decisões sensatas e comprometidas com a vida.