Enquanto o Brasil ainda enfrenta os efeitos devastadores da pandemia, a realização da Copa América no Maracanã, com presença de público, é um ato de irresponsabilidade que coloca em risco a vida da população.
A decisão de permitir a presença de 10% de público no Maracanã para a final da Copa América amanhã é lamentável, especialmente diante da grave situação epidemiológica que o Brasil ainda enfrenta. A decisão vem após a constatação de 168 casos de infecção entre os diversos grupos envolvidos, incluindo jogadores, comissões técnicas e equipes de apoio. A comunidade científica, desde o início da pandemia, alertou para os riscos envolvidos em eventos de grande porte, como o da Copa América, especialmente pelo risco de transmissão de novas variantes, como a variante Gama, identificada nos sequenciamentos genéticos realizados pela Conmebol.
No entanto, a transparência das informações sobre esses dados é questionável, e a falta de controle externo faz com que a confiança na confiabilidade dessas informações seja baixa. O Ministério da Saúde, por sua vez, se eximiu de responsabilidade, afirmando que a Conmebol é a responsável pelos testes e pelo sequenciamento genético. Esse tipo de postura, além de irresponsável, reflete a falta de comprometimento com a segurança sanitária da população brasileira.
A liberação de público para o evento no Maracanã, mesmo com a restrição de 10%, é igualmente preocupante. Embora se espere um controle de público nas áreas internas, dificilmente não haverá aglomerações nas áreas comuns de acesso, expondo ainda mais os participantes ao risco de contágio. Além disso, a situação epidemiológica do Rio de Janeiro, com uma média móvel de casos próximos a 1.000 e uma taxa de imunização de apenas 14% da população, é desanimadora. Em comparação, as Olimpíadas de Tóquio, em um país com índices de pandemia muito melhores que os do Brasil, acontecerão sem público, uma decisão que reflete a preocupação com a variante Delta e a necessidade de precaução.
O mais absurdo, no entanto, é a postura do prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, que ao liberar o Maracanã sem garantias de segurança sanitária, ainda resolveu classificar o evento como um “teste”. Essa retórica vazia e sem fundamento não faz sentido, já que um evento-teste, com 8 mil pessoas, exigiria planejamento prévio, testes rigorosos, acompanhamento dos participantes e um controle minucioso de todos os ambientes envolvidos, algo que definitivamente não foi feito. O prefeito, ao invés de agir de forma responsável, preferiu apelar para frases de efeito, demonstrando total desrespeito pela gravidade da situação sanitária.
Em um momento tão crítico, a realização de um evento como a Copa América, com presença de público, é um ato irresponsável que coloca a vida de milhares de pessoas em risco. A prioridade deveria ser, sem dúvida, a proteção da saúde da população, e não a realização de um evento esportivo que mais contribui para a propagação do vírus do que para a diversão. A postura do governo e das autoridades envolvidas é um reflexo de uma gestão insensível e descomprometida com a saúde pública.
No Brasil:
- Registro de mortes hoje: 1.433
- Total de mortes: 531.777
- Média móvel de mortes nos últimos 7 dias: 1.387
- Casos confirmados em 24 horas: 57.188
- Casos acumulados na pandemia: 19.019.974
- Média móvel de novos casos nos últimos 7 dias: 47.656
- Casos ativos: 1,668 milhão
- Pessoas vacinadas ao menos uma dose: 82,909 milhões (39,15% da população)
- Imunizadas: 29,993 milhões (14,16% da população), sendo 2,154 milhões com dose única.
No Mundo:
- Casos: 186,8 milhões
- Óbitos: 4.034.600
- 1º – EUA: 622,7 mil
- 2º – Brasil: 531,8 mil
- 3º – Índia: 407,1 mil
- 4º – México: 234,5 mil
- 5º – Peru: 193,9 mil
- 6º – Rússia: 141,5 mil
- 7º – Reino Unido: 128,4 mil
(Fonte: Dados JHU – Johns Hopkins University)