Parte 3: Final: “O sofrimento do homem gay cisgênero”

Entre as razões da comunidade poder ser um agente estressor, encontra-se como essa rejeição acontece. Com o advento da internet, espaços de encontros gays, como bares e baladas, estão sendo substituídos pelas redes sociais e aplicativos.

Para muitos, essa se tornou a principal forma de interação com outros homens gays. Há pesquisas que revelam que até 90% dos homens gays nos aplicativos buscam parceiros com as seguintes características: jovens, altos, brancos e másculos. No entanto, a maioria nem sequer atende uma dessas exigências.

A seleção estética para um sexo casual inicia pelo “manda foto”, mas, quase sempre, elimina nossa diversidade: Não a gordos, afeminados, baixos e tantos outros. Isso sem um mínimo de interação. Esse tipo de conexão apenas fornece uma forma eficiente de se sentir inadequado por ser quem é.

Fica ainda pior com a intersecção do racismo, já que quase sempre homens gays pretos nos aplicativos recebem duas formas de feedback: rejeitados ou fetichizados.

De algum modo, o que aconteceu na infância se reproduz na vida adulta. No armário, a autoestima do garoto estará vinculada às exigências do mundo externo: sendo um excelente aluno, excelente no esporte, entre outros.

Na vida adulta, esse valor se concentra nas normas da comunidade gay, que é ainda mais exigente: ter uma “boa aparencia”, ser másculo e com uma performance sexual impecável. Por um momento pode até ser alcançado, mas, após uma vida inteira vivida pelo olhar do outro, chega a idade, já exausto, vem a pergunta: Isso é tudo que existe? Aí pode vir a depressão.

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