Negociações Suspeitas no Mercado de Vacinas e Suas Consequências

O escândalo envolvendo as negociações de vacinas continua a ganhar novos desdobramentos, com suspeitas de intermediações fraudulentas que podem comprometer o acesso a imunizantes essenciais.

Após as investigações sobre a Covaxin, outra suspeita surge em torno da vacina da CanSino, uma farmacêutica chinesa. A negociação dessa vacina estaria sendo mediada pela Belcher Farmacêutica, uma empresa brasileira ligada a empresários bolsonaristas, com estreitas conexões com o deputado Ricardo Barros. A Belcher também é investigada pela operação Falso Negativo, que apura o superfaturamento de testes de Covid-19 adquiridos pelo governo do Distrito Federal.

De acordo com as investigações, empresários como Luciano Hang, da Havan, e Carlos Wizard, do setor educacional e palestrante motivacional, teriam atuado como lobistas, ambos conhecidos por suas posturas negacionistas em relação às vacinas. No entanto, sua postura parece mudar quando seus próprios interesses estão em jogo.

A Belcher Farmacêutica, após ser acusada de agir como intermediária indevida, foi desligada da negociação pela CanSino, que já avisou que não é mais representada pela empresa. Como consequência, a tramitação da vacina na ANVISA foi suspensa, voltando à estaca zero. Caso a negociação fosse adiante, o Brasil poderia ter adquirido 60 milhões de doses, num contrato que somaria cerca de 5 bilhões de reais.

O problema de não contar com esse imunizante, que seria de dose única e com maior capacidade de distribuição, é grave. A vacina da CanSino poderia ser um diferencial na vacinação, facilitando a logística de distribuição e permitindo que mais pessoas fossem imunizadas em menos tempo. Com as 60 milhões de doses, seriam 120 milhões de doses de um imunizante de duas doses, impactando significativamente o progresso da vacinação.

No contexto atual, o Brasil ainda enfrenta altos números de mortes e casos de Covid-19. Com 658 mortes registradas no dia de hoje, o total de óbitos chegou a 514.202. A média móvel de mortes nos últimos sete dias é de 1.626, com 30.307 novos casos confirmados nas últimas 24 horas. A vacinação segue em ritmo lento, com apenas 33,7% da população recebendo ao menos uma dose, e 12,09% completamente imunizada.

O cenário mundial não é muito mais alentador, com os Estados Unidos liderando as estatísticas de mortes com 619,5 mil óbitos, seguidos pelo Brasil, com 514,2 mil, e Índia, México, e outros países em situação igualmente grave.

Esse contexto reforça a urgência de garantir o acesso rápido e eficiente às vacinas, sem que interesses políticos e financeiros interfiram nas ações que visam salvar vidas.

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