Tinha um Luís no meio do caminho

O assunto Cepa América já foi mais quente e caiu no esquecimento. Não sei o evento esportivo em si, esse eu não acompanho e não percebo muita empolgação mesmo, talvez por efeito da minha bolha. Mas o tema covid versus copa também deu uma sumida.

Mesmo o relatório da Conmebol informando que 166 pessoas envolvidas na realização da Copa América testaram positivo para a Covid-19 animou muito as críticas, provavelmente frente à marca de 500 mil mortes e a CPI, particularmente a sessão de hoje.

A maioria dos testes positivos foram em profissionais terceirizados, que surpresa, não? Interessante que a organizadora do evento informa que se trata de um grupo que ainda não tinha sido vacinado, mas prontamente se defende dizendo que não sabem o porquê dessas pessoas não terem sido previamente vacinadas.

São 166 que certamente tem uma rede de contatos que vai gerar novos casos com os riscos todos que já conhecemos. Um dia saberemos com quantas vidas e quantos reais pagaremos por essa improvisação criminosa de se realizar um evento dessa magnitude com a decisão sendo feita há dez dias de seu início.

Enquanto isso, na CPI, muita confusão. A começar com dois irmãos depondo juntos que se chamam Luís. O Luís deputado e o Luís Ricardo, o funcionário público. Muito floreio do deputado Luís que achou um veio e quer explorar. Mas as informações que de fato merecem atenção são poucas e graves, e do Luís funcionário.

O que o Luís, funcionário de carreira, viu e se recusou a dar seguimento, foi um ‘invoice’ (espécie de nota fiscal) de 45 milhões de dólares como adiantamento de vacinas, para uma empresa que não constava no contrato licitatório. Nem a empresa e nem que haveria antecipação de recursos. Isso em março de 2021.

Investigando-se mais, descobre-se que a tal empresa, Madison, uma offshore, tem sede fiscal em Singapura e é controlada por uma empresa indiana que não é a fabricante das vacinas, a Bharat Biotech, mas a Biovet, que fabrica vacina para gado (que coincidência estranha), ao menos é o que consta nos registros, apesar da Bharat ter emitido nota a pouco afirmando ser proprietária da Madison.

Assim, temos uma compra de 20 milhões de doses por um preço superior ao da Pfizer (maior que todas as que estão sendo usadas), intermediada por uma empresa, a Precisa medicamentos, que um dos sócios é o Dep. Federal Ricardo Barros, que é acusado pelo MPF de ter beneficiado a empresa Global Gestão em Saúde quando foi ministro da Saúde, entre 2016 e 2018. A Global é sócia da Precisa Medicamentos.

Vejam, não havia necessidade de uma empresa mediando, mas mesmo que se encontre justificativa para isso, pagar adiantado para uma empresa de fachada é demais da conta.

De fachada sim, pois a tal Madison foi aberta em fevereiro de 2020 e sua sede na verdade é uma casinha que funciona como sede de várias empresas que não mantém nenhum funcionário. Está na cara que era um dinheiro que iria se dar uma volta num paraíso fiscal e voltar limpinho. Coisa de cinema.

Tirando toda a pirotecnia do depoente deputado, suas falas de “estou defendendo o Brasil”, sua conversa com Bolsonaro e outros desvios e bate bocas, o que sobra não é pouco. Tentar pagar uma empresa de fachada é algo por si só gravíssimo. Deram azar de encontrar um Luís no meio do caminho.

E a vacina da Bharat? Até agora não chegou nenhuma. E era tanta pressa…

No Brasil:

Registro de mortes ontem: 1.990

Total de mortes: 511.272

Média móvel de mortes nos últimos 7 dias: 1.807

Casos confirmados em 24 horas: 79.366

Casos acumulados na pandemia: 18.322.757

Média móvel de novos casos nos últimos 7 dias: 74.369

Casos ativos: 1,716 milhão

160 dias de campanha, pessoas vacinadas ao menos uma dose: 69,652 milhões (32,89% da pop.)

Em segunda dose, 141 dias: 25,221 milhões de imunizados (11,91% da pop.)

No mundo:

Casos: 181,2 milhões

Óbitos: 3.924.200

1º – EUA: 619,1 mil

2º – Brasil: 511,3 mil

3º – Índia: 394,5 mil

4º – México: 232,1 mil

5º – Peru: 191,3 mil

6º – Rússia: 132,1 mil

7º – Reino Unido: 128,1 mil

Dados JHU (Johns Hopkins University).

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.