Covid-19 – não é erro, é concepção

A taxa de mortalidade geral, considerando o total de casos e de óbitos desde o início da pandemia, é de 2,8%. Ocorre que com a vacinação em curso e o perfil dos infectados, cada vez de população mais jovem, a taxa de mortalidade tem variado discretamente para baixo.

Se considerarmos que estamos a 15 dias com subida consistente da média móvel de casos novos e batendo recordes seguidos de casos ativos da doença, mas com diminuição nos últimos dias da média móvel de óbitos, podemos inferir que a taxa de mortalidade cai, mas pode estar sendo compensada pelo descontrole da transmissão.

Dois outros fatores podem ser um complicador e impactar negativamente nesse cenário. Um é o potencial aparecimento de novas cepas ou a ampliação no percentual de infectados da variante Delta, por exemplo. Altas taxas de contaminação e falta de uma vigilância genômica potencializam esse risco.

O outro fator é o possível colapso dos sistemas de saúde que podem ser potencializados pelo alto número de infectados e casos ativos da doença. O perfil populacional de mais jovens e com menor grau de comorbidades pode gerar uma permanência maior em internações, elevando a taxa de ocupação dos leitos.

Taxas elevadas de ocupação potencializam problemas sistêmicos, como desgaste das equipes que podem gerar desassistência e falta de insumos, como já ocorreu.

A baixa taxa de imunização da população complica tudo, até mesmo pelo fato de mesmo imunizados, mas principalmente quem tomou uma dose, tem sido alvo de infecção pelo vírus, mesmo que com casos menos graves, mas assim mesmo pressionando o sistema de saúde.

Enquanto isso na CPI, Pedro Hallal, na sessão de hoje, apontou os principais erros na condução da pandemia:

  1. Pouca testagem, rastreamento de contatos e isolamento
  2. Demora na compra e desestímulo à vacinação
  3. Promoção de tratamentos ineficazes
  4. Ausência de liderança do Ministério da Saúde e de um comitê de crise
  5. Desestímulo ao uso de máscaras
  6. Uso de uma abordagem clínica vs. Epidemiológica
  7. Falta de uma comunicação unificada

Concordo, e aqui já escrevi muito sobre isso, grosso modo apontando lista semelhante, mas sempre prefiro destacar que não se trata de erros, mas decisões baseadas na tese negacionista orientadora que é a imunidade de rebanho.

O item 6, por exemplo, se é que estamos falando a mesma coisa, refere-se à uma decisão que remonta o ‘’reinado” de Mandetta, tido por muitos como um antinegacionista, o que discordo.

A abordagem de Mandetta priorizou o atendimento terciário, com ênfase ao hospital de campanha, que equivale a esperar o inimigo avançar bastante no território e defender com força máxima a capital.

Saindo da metáfora bélica, Mandetta subestimou a prevenção e a promoção de saúde, não pondo em ação a atenção primária, o PSF e os agentes comunitários de saúde e mesmo os agentes de zoonose, que teriam papel nas ações de cuidado, identificação de redes de contato e de educação e qualidade na informação.

Muitas cidades usaram esse recurso com êxito, mas o próprio CONASS afirma que ao ACS foram os profissionais que menos tiveram formação para atuar na pandemia e foram os que menos receberam EPI. É a lógica da imunidade de rebanho ou, no mínimo, ações que se compatibilizam com esta lógica.

No Brasil

Registro de mortes hoje: 2.042

Total de mortes: 509.282

Média móvel de mortes nos últimos 7 dias: 1.873

Casos confirmados em 24 horas: 72.613

Casos acumulados na pandemia: 18.243.391

Média móvel de novos casos nos últimos 7 dias: 77.050

Casos ativos: 1,700 milhão

159 dias de campanha, pessoas vacinadas ao menos uma dose: 68,466 milhões (32,33% da pop.)

Em segunda dose, 140 dias: 24,968 milhões de imunizados (11,79% da pop.)

No mundo

Casos: 180,7 milhões

Óbitos: 3.915.100

1º – EUA: 618,6 mil

2º – Brasil: 509,3 mil

3º – Índia: 393,3 mil

4º – México: 231,8 mil

5º – Peru: 191,1 mil

6º – Rússia: 131,4 mil

7º – Reino Unido: 128 mil

Dados JHU (Johns Hopkins University).

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