Osmar Terra e o negacionismo durante a pandemia: mentiras e distorções na CPI

O depoimento de Osmar Terra à CPI da Pandemia expôs a postura obscurantista e negacionista de um dos principais aliados de Jair Bolsonaro no enfrentamento da crise sanitária. O ex-ministro da Saúde se utilizou de mentiras e distorções de dados para defender suas teses sem base científica, tentando enganar a população e usar a CPI como palanque político.

Osmar Terra, ao depor na CPI, se comportou como um defensor implacável de teses negacionistas, sem se preocupar com a verdade dos fatos ou com as consequências de suas afirmações. Em vez de responder às perguntas de maneira clara e honesta, ele utilizou a sessão para espalhar desinformação e reforçar sua narrativa em favor de um modelo de gestão que negligenciou a ciência e as medidas sanitárias necessárias para controlar a pandemia.

Um dos exemplos mais graves de sua postura foi a tentativa de passar a ideia de que os negacionistas, embora não fossem a maioria, seriam os mais corajosos e arrojados. Esse discurso, que remete a uma moralidade distorcida, tenta criar uma aura de superioridade moral sobre aqueles que seguem as orientações científicas. O ex-ministro pareceu mais preocupado em agradar à base bolsonarista do que em apresentar argumentos plausíveis e respaldados por evidências.

Ao longo de seu depoimento, Osmar Terra recorreu a uma série de mentiras e distorções de dados. Ele mentiu sobre o impacto do lockdown na contenção da pandemia, sobre a situação de estados como Rio de Janeiro e Amazonas, sobre o desenvolvimento de vacinas e até sobre a Suécia, país que, segundo ele, seria um grande exemplo de sucesso no controle da pandemia. No entanto, a realidade contradiz suas afirmações.

A Suécia, que foi vista por alguns como um modelo de enfrentamento da pandemia sem recorrer a lockdowns, tem demonstrado, na prática, que sua estratégia foi um fracasso. Apesar de ter adotado algumas medidas de restrição mais tarde, a Suécia enfrentou uma alta taxa de mortalidade, com índices superiores aos de outros países da Europa. A comparação de Osmar Terra com a República Tcheca, por exemplo, é desonesta, pois ignora o fato de que a mortalidade da Suécia é, na verdade, muito maior do que a de países como Suíça, Alemanha, Finlândia e Noruega.

Além disso, Terra tentou usar a Suécia como um exemplo de sucesso, mas os dados mostram que o país está entre os 90 países com mais de 10 milhões de habitantes com a 17ª pior taxa de mortalidade, contrariando a narrativa criada pelo ex-ministro.

Enquanto isso, o Brasil continua a registrar números alarmantes de mortes e casos confirmados. Com mais de 500 mil mortes, o país segue em uma trajetória sombria de contágio e falhas na gestão da pandemia. O negacionismo e as políticas equivocadas do governo federal, aliados a decisões erradas de governos estaduais, como o de São Paulo, têm levado o Brasil a se destacar negativamente no cenário global.

Com 31,01% da população vacinada com ao menos uma dose e 11,57% imunizada com a segunda dose, a vacinação avança lentamente. No entanto, a persistência do negacionismo, a resistência a medidas de controle e a falta de coordenação entre as esferas de governo ainda dificultam uma resposta eficaz à crise.

Em um cenário global, o Brasil ocupa a segunda posição em número de mortes, atrás apenas dos Estados Unidos. As comparações entre países e os dados sobre a eficácia das medidas adotadas durante a pandemia devem ser feitas com base em uma análise honesta e fundamentada. Porém, enquanto a desinformação e o negacionismo prevalecerem, o Brasil continuará a sofrer com os efeitos devastadores da COVID-19.

A queda do primeiro-ministro da Suécia, Stefan Löfven, é um sinal claro de que a falta de eficácia no combate à pandemia pode gerar desgaste político e popular. No Brasil, as consequências do negacionismo e da má gestão já são evidentes, e a luta por medidas mais eficazes e pela preservação da vida continua a ser um desafio imenso.

A mensagem final é clara: fora Bolsonaro.

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