Osmar soTerra a verdade

CPI é para estômagos fortes e isso não é figura de linguagem. O depoimento do prosélito do negacionismo, Osmar Terra, deu ânsia de vômito. Osmar segue a receituário obscurantista no grau máximo. Mentiu, fingiu esquecer de afirmações que já fez e defendeu teses sem nenhuma comprovação.

Osmar se comportou não como quem está sendo julgado ou investigado, mas tomou a CPI como palanque para defender suas teses, não querendo convencer os não negacionistas, mas para dar discurso à base bolsonarista e para arrastar a CPI para a posição de que tem duas teses amplas em disputa no planeta e eles, os negacionistas, são representantes de uma delas.

Tentou passar a ideia de que os negacionistas podem não ser a maioria, mas seriam os mais arrojados, os corajosos, os que arriscam seguir na contramão.

Julgam-se moralmente superiores ou ao menos tentam passar essa ideia. Seriam mitos que seguem o mito. Osmar Terra comportou-se como se os nazistas no tribunal de Nuremberg, em vez de tentar se defender, buscassem convencer o júri de que tinham razão sobre a inferioridade dos não germanos e a necessidade de campos de concentração, até se regozijando de como eram eficientes.

A lista de mentiras e falsidades é grande. Mentiu sobre o não impacto do lockdown na contenção da curva de contágio; mentiu sobre dados do Rio de Janeiro e do Amazonas para mostrar o sucesso da imunidade de rebanho; mentiu sobre a decisão do STF que impediria que o Bolsonaro agisse; mentiu sobre não ter escolas fechadas em outros países; mentiu sobre desenvolvimento de vacinas em outras doenças; mentiu sobre nunca ter havido na história uso de medidas quarentenárias amplas e mentiu sobre a Suécia, que chegou a creditar como um caso de grande sucesso no controle da pandemia. Como já disse, mentiras, fatos desconexos, teses sem fundamento como recurso retórico estudado e consciente.

Sobre a Suécia, para dar números ao que seria o tal sucesso, disse que “a República Tcheca tem o dobro da mortalidade da Suécia”, o que é fato. Mas esse é o tipo de comparação sem pé nem cabeça pois, se seguirmos nesse rumo, descobriremos que a mortalidade (Óbitos/100K) da Suécia é 20% maior que a da Suíça, 35% maior que a da Alemanha, 8 vezes maior que a da Finlândia e 10 vezes maior que a da Noruega.

Esse é um recurso retórico manjado, de escolher um dado, ainda que verdadeiro, que corrobora uma tese e omitir todos os outros. Chama-se também de desonestidade intelectual, falsificação dos fatos , por analogia, falsidade ideológica.

De uma comparação esdrúxula e que nada informa, Osmar Terra atacou com a pura e simples mentira, afirmando que “a Suécia é dos países com mais de 10 milhões de habitantes que menos mortes teve”. Pois, diferentemente disso, está a Suécia entre os 90 países com mais de 10 milhões de habitantes com a 17ª pior taxa, ou seja, tem 53 países com menor mortalidade.

A Suécia vem sendo a meca do negacionismo, apesar de, na prática, ter ao longo da pandemia tomado várias medidas de isolamento e ter mudado de postura na condução da pandemia na medida que os índices foram piorando. Mas desde o início a autoridade sanitária, o epidemiologista-chefe da Suécia, Anders Tegnell, partiu do pressuposto de que as pessoas se cansariam de entrar e sair de lockdown, diminuindo a força da medida.

Assim, resolveu não adotar esse instrumento, apostando na ‘responsabilidade individual’, ou seja, as pessoas tomariam todos os cuidados e seguiriam as orientações. Falhou. Mas foi pior, Tegnell nunca orientou o uso de máscaras que entendia não ser eficaz e sempre fez eco à ideia de que as liberdades individuais tinham primazia frente às medidas sanitárias.

O fato é que em novembro, com agravamento da crise pandêmica, foram adotadas medidas de restrição de funcionamento de bares e se estipulou número máximo de de pessoas em reuniões, inclusive em festas familiares.

Em dezembro, a Suécia enfrentou uma crise de ocupação de UTIs e um esgotamento dos profissionais de saúde que começaram a pedir demissão em massa dos serviços.

Sim, sucesso total, para o vírus, de um modelo negacionista com ênfase num liberalismo exacerbado com viés de individualismo radical. Lembrando que nas falas das autoridades e de políticos conservadores, usou-se muito o argumento da necessidade de manter o país funcionando, o falso dilema economia ou saúde.

Interessante é que o primeiro ministro acabou caindo. Pela primeira vez na história do país, o Parlamento aprovou na segunda-feira (21) uma moção de desconfiança contra o primeiro-ministro Stefan Löfven, o que obriga a convocação de eleições.

O motivo não foi diretamente a má condução da crise sanitária, mas pesquisas apontam que houve sim um desgaste popular pelo insucesso no combate à Covid-19.

Fica a dica… Fora Bolsonaro

No Brasil

Registro de mortes hoje: 2.080

Total de mortes: 504.897

Média móvel de mortes nos últimos 7 dias: 1.962

Casos acumulados na pandemia: 86.833

Casos confirmados em 24 horas: 18.056.639

Média móvel de novos casos nos últimos 7 dias: 73.255

Casos ativos: 1,702 milhão

157 dias de campanha, pessoas vacinadas ao menos uma dose: 65,655 milhões (31,01% da pop.)

Em segunda dose, 138 dias: 24,510 milhões de imunizados (11,57% da pop.)

No Mundo:

Casos: 179,9 milhões

Óbitos: 3.897.100

1º – EUA: 617,8 mil

2º – Brasil: 504,9 mil

3º – Índia: 390,7 mil

4º – México: 231,2 mil

5º – Peru: 190,6 mil

6º – Rússia: 130,3 mil

7º – Reino Unido: 128 mil

Dados JHU (Johns Hopkins University).

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