A condução da pandemia em São Paulo: críticas ao governo estadual e federal

São Paulo, a maior e mais populosa unidade federativa do Brasil, está longe de ser um exemplo de enfrentamento da pandemia de COVID-19, com falhas tanto no governo estadual quanto no federal contribuindo para os altos números de mortes e casos no estado.

Ao longo da pandemia, o governador João Doria e o ex-prefeito Bruno Covas enfrentaram críticas sobre sua gestão, especialmente em relação a medidas de contenção do vírus e à forma como lidaram com os efeitos da crise sanitária. Apesar da importante atuação do Instituto Butantan e da aquisição das vacinas, como a CoronaVac, que inicialmente geraram uma imagem positiva de Doria como um gestor guiado pela ciência, a atuação do governo estadual se mostrou deficiente em diversos aspectos.

Em questões como isolamento social, lockdown, campanhas educativas e o uso adequado da atenção básica de saúde, o governo paulista demonstrou falhas graves. A decisão de antecipar a volta às aulas e a permissão para cultos religiosos presenciais, mesmo em momentos críticos da pandemia, contradisse a orientação do comitê científico de Doria, que alertava sobre o agravamento da situação. Essa postura foi vista como uma rendição à pressão de interesses econômicos e políticos, resultando em um agravamento do cenário no estado.

O epidemiologista Marcos Boulos, que colaborou com o comitê de crise de Doria, reconheceu que, por um período, o governador seguiu as recomendações científicas, mas posteriormente cedeu à pressão de “interesses” não especificados. Essa virada de postura resultou em decisões que contribuíram para o agravamento da crise em São Paulo.

Se o estado de São Paulo fosse considerado um país, ele figuraria em 9º lugar no total de mortes pela COVID-19, com previsão de ultrapassar países como Itália e Reino Unido nos próximos dias. Proporcionalmente à população, o estado de São Paulo ocupa o 5º lugar, com uma taxa de mortalidade superior à média nacional e aos índices de países como Reino Unido e Itália.

Porém, não se pode negligenciar o impacto do governo federal nas falhas do estado paulista. A gestão federal de Jair Bolsonaro tem sido um fator crucial para o desempenho ruim das unidades federativas, como demonstrado pela recente suspensão da vacinação em São Paulo devido ao atraso no envio de doses. O negacionismo da administração federal tem, portanto, exacerbado o negacionismo presente em governos estaduais como o de São Paulo, onde as ações do governador Doria têm sido muitas vezes contraditórias.

No contexto nacional, o Brasil continua a sofrer com altas taxas de mortes e casos, com um total de 502.817 óbitos até o momento, e uma média móvel de 2.059 mortes diárias. Apesar da vacinação, que já alcançou 30,43% da população com ao menos uma dose, o país ainda enfrenta desafios enormes para controlar a pandemia.

Em termos globais, o Brasil ocupa a segunda posição em número de mortes, atrás apenas dos Estados Unidos. A disparidade entre os números de vacinação e o total de casos ativos reflete uma situação que ainda exige vigilância, medidas eficazes e, acima de tudo, uma postura mais responsável por parte dos gestores públicos. A pandemia segue sendo um teste de resistência para a sociedade e as instituições, exigindo esforços conjuntos para mitigar seus efeitos devastadores.

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