A crise sanitária no Brasil segue refletindo o impacto devastador da má gestão e do negacionismo deliberado.
Hoje, o Brasil registrou 1.050 óbitos por Covid-19, mantendo a média móvel acima de 2 mil mortes diárias por cinco dias consecutivos e 60 dias desde março deste ano. A média móvel de novos casos também subiu, ultrapassando 73 mil, o que representa mais de 512 mil novos diagnósticos na última semana. Com uma taxa de mortalidade de 2,8%, isso implica mais de 14 mil vidas condenadas à morte em curto prazo.
Esses números alarmantes são consequência direta de uma política que optou pelo negacionismo, enfraquecendo sistematicamente medidas de combate à pandemia. A campanha de vacinação, que deveria ser um alento, se transformou em uma extensão do problema, marcada pela desorganização e pela falta de planejamento. Após 155 dias, apenas 30% da população recebeu a primeira dose, e 12% está completamente imunizada—a chamada “solução final” do negacionismo, aplicada em escala nacional.
O impacto mais profundo recai sobre o Programa Nacional de Imunizações (PNI), outrora modelo de eficiência e referência global. O PNI tem sido desmontado, com técnicos experientes sendo substituídos por profissionais sem a qualificação necessária. Essa deterioração compromete não apenas a campanha contra a Covid-19, mas também a articulação de dezenas de outras vacinas essenciais para a saúde pública.
As disparidades regionais nos dados ilustram a ausência de coordenação central e o impacto do negacionismo nos governos locais. A taxa de mortalidade por 100 mil habitantes, por exemplo, varia de 123 no Maranhão a 339 em Rondônia—quase três vezes maior. A mortalidade por número total de casos é de 1,6% no Amapá, mas atinge 5,89% no Rio de Janeiro. Na vacinação, o Amapá vacinou apenas 18% de sua população com a primeira dose, enquanto o Mato Grosso do Sul alcançou 38%.
Essas disparidades revelam um Brasil dividido e desamparado. A ausência de uma política central coordenada deixa milhões de pessoas à mercê de decisões locais muitas vezes insuficientes. A denúncia internacional surge como uma necessidade urgente para expor o que acontece no país: uma população entregue à sua própria sorte diante de um governo que insiste em políticas que amplificam a tragédia.
A tragédia brasileira não é apenas um caso de má gestão; é um reflexo de escolhas deliberadas que colocam interesses políticos acima da vida. Enquanto outros países avançam na superação da pandemia, o Brasil se afunda em números cada vez mais devastadores, com um sistema de saúde e uma população à beira do colapso.