500 Mil Mortes: O Retrato do Negacionismo no Brasil

Pandemia expõe falhas estruturais e descaso nas políticas públicas, resultando em sofrimento humano e desespero coletivo.

O Brasil ultrapassou a marca de 500 mil mortos pela Covid-19, um número que sintetiza o fracasso de um combate que nunca foi plenamente articulado. Enquanto outros países avançam no controle da pandemia, aqui vivemos uma sucessão de erros que amplificaram a tragédia. O caos sanitário é acompanhado por recordes alarmantes: mais de 1,6 milhão de casos ativos e uma média móvel de 2.073 mortes por dia, números que não apenas chocam, mas também apontam para um futuro ainda mais sombrio.

A ineficiência no enfrentamento da pandemia está estruturada em ações sistematicamente negacionistas. Medidas básicas, como o uso de máscaras, o isolamento social e a vacinação, foram relegadas ou sabotadas por políticas que priorizaram interesses alheios à saúde pública. A negligência com o isolamento social, por exemplo, deixou setores econômicos e categorias profissionais expostos, sem apoio para adotar medidas seguras, como o trabalho remoto ou a redução de jornadas.

A distribuição de máscaras, essencial para a proteção coletiva, ficou restrita a iniciativas pontuais, enquanto a fiscalização e a conscientização foram praticamente inexistentes. Sem coordenação central, esforços de lockdown nunca passaram de medidas fragmentadas, insuficientes para frear a propagação do vírus em um país de dimensões continentais.

No âmbito da vacinação, o atraso deliberado e a falta de planejamento transformaram o que poderia ser a solução em mais um ponto de fragilidade. Com apenas 30% da população vacinada com a primeira dose e 12% completamente imunizada, os números são insuficientes para conter a disseminação do vírus. A ausência de vacinas, combinada com mudanças descoordenadas nas estratégias de imunização, ampliou a vulnerabilidade do país.

O ato desesperado de milhares que saíram às ruas no dia 19 reflete o desespero de quem sabe que o maior perigo não é apenas o vírus, mas a política de morte que se instalou. A recusa em seguir as orientações da ciência, o desdém pelas vidas perdidas e a gestão caótica representam uma escolha consciente de privilegiar o negacionismo.

Os números falam por si: somos o segundo país no mundo em óbitos, com mais de 500 mil vidas ceifadas, e continuamos a acumular perdas enquanto outros avançam. O Brasil, que já foi exemplo em campanhas de saúde pública, agora é símbolo de descaso e sofrimento.

Para superar essa tragédia, é imperativo exigir mudanças. Vacinas no braço e comida no prato não são apenas slogans; são um grito de sobrevivência. Fora negacionismo. Fora descaso. Fora Bolsonaro.

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