A natureza esquecida, pela ganância humana

Não sei quantas pessoas, sobretudo nas cidades, no sul, embebidas pelo modo de produção e de ser capitalista, urbano, distante de todo lugar e de todo tempo, imerso no desamparo do sem-lugar e na ansiedade do sem-tempo, são capazes de acessar um relato como esse de Marina Silva.

Não sei quantas pessoas, inclusive de esquerda, anti-capitalistas, são capazes de respeitar o que é uma tradição de verdade e de dar ouvidos aos sons que desconhecem ou às cores distantes dos tons de cinza que nos cercam.

Espiritualidade definitivamente não é o que se cultiva nos templos do dinheiro, qualidade de vida não é o que se tem onde a vida não tem lugar, saúde não se mantém onde tudo só se consome e não se cria. Existimos em meio ao não-ser, onde toda a fluidez consome nossa humanidade, onde não é possível encontrar aquilo que simplesmente é. E nossa relação com a Terra, nosso habitat natural, demarca o quanto de morada, de ética, fazemos onde habitamos.

Ética é sobretudo tornar habitável a morada de nosso ser para a vida ao longo de nossa existência. E essa sabedoria está em relatos assim, de quem vem com o fardo, mas também com a virtude de outro olhar sobre nosso lugar.

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