Pandemia – nada é tão ruim que não possa ser piorado

As coisas não vão bem. Depois de um pico estelar de média móvel de mais de 3 mil mortos, que se deu em meados de abril, passamos a observar uma queda que foi consistente até 10 dias atrás, quando chegamos à casa dos 1,6 mil. Depois nova subida e o patamar volta para 1,9 mil (cinco dias consecutivos nessa casa) de média móvel de óbitos. A questão é se voltaremos a ter novo pico (a maioria dos especialistas acham isso) ou um período de estabilidade em patamar elevado, próximo a 2 mil mortes de média móvel.

Em qualquer cenário a situação é gravíssima, bem desesperadora mesmo. Há fatos e riscos. Vejamos:

  • A taxa de transmissão está alta em quase todos os estados aponta recente estudo da Fiocruz;
  • A média móvel de casos hoje é a maior desde 01 de abril;
  • A diminuição de mortes de população mais idosa diminuiu por efeito da imunização vacinal, mas tem subido os casos de internações e de mortes entre os mais jovens (abaixo de 60 anos), o que fez parar a queda da média móvel de óbitos;
  • Há taxas elevadas e ocupação de leitos Covid e de UTI, principalmente nas regiões Sul e Sudeste;
  • Vacina segue lenta, hoje completando 150 dias de campanha e apenas iniciando entre 55 e 59 anos na maior parte dos estados e com percentual de imunização de apenas 11,3% da população;
  • Não há vigilância genômica, portanto não sabemos quais as variantes com transmissão comunitária, o que aumenta o risco da variante Delta se tornar predominante, o que mudaria para pior o ritmo de contágio;
  • Apesar da média móvel atual ser quase duas vezes maior do que no pico da primeira onda da pandemia, as medidas de isolamento são muito mais brandas agora, com chance tendendo à zero de governadores e prefeitos adotarem medidas mais duras, principalmente com o Bolsonaro recrudescendo no discurso negacionista.

Um risco para lá de desnecessário é a realização da Copa (Cepa, Cova) América, que já tem no seu histórico 53 infectados, sendo 19 entre os serviços contratados e 34 entre jogadores da Venezuela, Colômbia, Bolívia e Peru, todos países com taxas altas de casos e mortes.

Isso obrigou a Venezuela a jogar desfalcada de vários titulares e forçou a Conmebol a mudar a regra para que se possa substituir por jogadores não previamente inscritos, o que abala ainda mais a credibilidade e a qualidade técnica desse desnecessário evento.

Como não há ainda testes genéticos conclusivos para identificação das possíveis variantes, podemos ainda ser surpreendidos com uma nova cepa que passaria a circular entre nós. Parabéns aos envolvidos. Detalhe, entre os trabalhadores contratados infectados, foram providenciadas condições para quarentena? As pessoas próximas, ao menos as famílias, foram testadas? E, por fim, quem vai arcar com os custos?

NO BRASIL

Registro de mortes hoje: 2.760

Total de mortes: 491.164

Média móvel de mortes nos últimos 7 dias: 1.980

Casos confirmados em 24 horas: 88.992

Casos acumulados na pandemia: 17.543.853

Média móvel de novos casos nos últimos 7 dias: 72.193

Casos ativos: 1,536 milhão

150 dias de campanha, pessoas vacinadas ao menos uma dose: 56,741 milhões (26,88% da pop.)

Em segunda dose, 131 dias: 23,843 milhões de imunizados (11,26% da pop.)

NO MUNDO

Casos: 177,3 milhões

Óbitos: 3.836.300

1º – E U A: 615,7 mil

2º – Brasil: 491,2 mil

3º – Índia: 379,6 mil

4º – México: 230,2 mil

5º – Peru: 188,9 mil

6º – Reino Unido: 128 mil

7º – Rússia: 127,2 mil (passou hoje a Itália)

Dados JHU (Johns Hopkins University).

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