Pandemia: o fim de feira das vacinas

Vamos dar nomes aos bois, se há (e há) uma política sistemática de intervenção negacionista na pandemia que leva á morte de centenas de milhares de pessoas e provoca milhões de pessoas sequeladas, cujo mecanismo é a promoção de um conjunto de ações orientadas pela tese da imunidade de rebanho, que vai desde a negação de existência ou da gravidade da doença (gripezinha) até o boicote à compra de vacinas, devemos dizer, com todos as letras, que cada pessoa morta pela Covid-19 foi assassinada pelo estado brasileiro.

Evidente que morreriam pessoas, por mais que as ações sanitárias fossem de excelência, mas como separar um caso do outro. Estaríamos hoje comemorando a imunidade coletiva com a vacinação de 70 ou mais pontos percentuais da população e assim, quantos estariam vivos? Quantos morreriam a menos se a cloroquina aspirada por nebulização não tivesse agravado o quadro da doença? Quantas pessoas estariam entre nós se tivessem recebido a tempo ajuda emergencial e permanecido em isolamento?

Tudo isso, insisto, todos os “erros”, não aconteceram por ignorância ou incompetência ou ainda falta de condições estruturais, se bem que possa haver tudo isso, mas, fundamentalmente aconteceu orientados por uma concepção e com ações deliberadas. Lembrando para os possíveis fatalistas que o Vietnam, com 97 milhões de habitantes, tem somente 58 mortes por Covid-19. É como se aqui fossem 127 mortes e não 486 mil.

O mais grave é que esse é um balanço não fechado, pois a desgraça segue em ritmo de filme de “mortos vivos”, com a média móvel de óbitos voltando a crescer nos últimos 6 dias e recorde de casos ativos da doença. A vacinação segue em passo de tartaruga com média nos 147 dias de campanha de 531 mil por dia. Parece muito, mas não é. Relativamente à população o Brasil vacina mais lentamente do que 88 países do mundo, com taxa de vacinação de 250/100M dia (250 pessoas por cada 100 mil habitantes, por dia).

Revoltante é que o país que (muito recentemente) já foi campeão de vacinação de gripe, que tem no seu histórico de saúde pública um grande número de doenças erradicadas por campanhas de vacinação e é apontado por organismos internacionais como exemplo em imunização, agora disputa a xepa das vacinas, anunciando com pompa a compra de lote da vacina Janssen com prazo de validade prestes a vencer. Fim de feira, compre na bacia o tomate, hoje dá para a salada, mas amanhã é somente para o molho.

NO BRASIL

Registro de mortes hoje: 2.008

Total de mortes: 486.358

Média móvel de mortes nos últimos 7 dias: 1.961

Casos confirmados em 24 horas: 75.778

Casos acumulados na pandemia: 17.376.998

Média móvel de novos casos nos últimos 7 dias: 67.430

Casos ativos: 1,596 milhão

Em 147 dias de campanha, pessoas vacinadas: 54,434 milhões (25,71% da pop.)

Em segunda dose, 128 dias: 23,645 milhões de imunizados (11,17% da pop.)

NO MUNDO

Casos: 176,6 milhõe

Óbitos: 3.13.300

1º – E U A: 615 mil

2º – Brasil: 486,4 mil

3º – Índia: 371,1 mil

4º – México: 230,1 mil

5º – Peru: 188,4 mil

6º – Reino Unido: 128,1 mil

7º – Itália: 127 mil

Dados JHU (Johns Hopkins University).

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