A pandemia está fora do controle, concordam praticamente todos os especialistas e os dados são bem consistentes. Há uma certa estabilidade, mas em um patamar elevadíssimo. São impressionantes 142 dias com média móvel de mortes acima de 1 mil e 55 dias acima de 2 mil. Nos 10 primeiros dias de junho foram 19.169 registros de óbitos e nos 10 primeiros dias de maio, 19.149.
Estudo recente da Fiocruz tratou de mostrar que a transmissão comunitária do vírus está com taxas elevadas em quase todos os estados do Brasil, ou seja, o vírus está circulando descontroladamente, pois a transmissão comunitária ou sustentada é quando o vírus circula em uma população sem que seja possível identificar um foco de transmissão, por exemplo, o viajante traz o vírus e infecta outra pessoa, mas depois de um tempo, sem controle, sem isolar e rastrear os contatos e ter medidas quarentenárias, há a circulação descontrolada, comunitária.
É nesse quadro que Bolsonaro insiste em gerar aglomeração sempre que pode e agora passa a defender que quem já teve Covid-19 ou foi vacinado não use mais máscara. Proposta sem pé nem cabeça pois a imunidade individual não elimina a chance de a pessoa vacinada atuar como vetor, além do fato de que nenhuma vacina garante imunidade de 100% para 100% dos vacinados.
Mas penso que Bolsonaro de fato não acha que a medida será tomada, mas usa mais esse factoide para sair dizendo, como já fez hoje, que os prefeitos e governadores não deixam ele fazer nada. Segue falando com sua base, para unificá-la e lhes dar discurso. A desinformação é proposital e estratégica.
Nesse clima de guerra de informações, vamos perdendo muitas oportunidades de acumular conhecimento sobre a pandemia, o que fará falta não somente agora, pois ela ainda está em curso, mas também para outras possíveis doenças que se espalhem de forma semelhante. Se a OMS estiver certa em seus alertas, podemos estar entrando na era das pandemias.
Sobre oportunidade de produzir conhecimento, a LabCidade, que é um laboratório ligado a FAU – USP, dedicado a estudos de urbanismo e direito à cidade, fez uma denúncia sobre apagamento dos dados públicos pelo Ministério da Saúde da informação do CEP dos hospitalizados e mortos. Essa é uma informação crucial para a compreensão de como a doença se espalha.
Um ano depois vemos como seria importante o dado, permitindo seguir os “passos” da pandemia e compreender a dinâmica de espalhamento. Como é comum, não é mesmo falta de capacidade técnica e científica, mas muito mais falta de vontade política.
No caso é pior ainda, é o negacionismo operando pela assassina tese da imunidade de rebanho. Para que saber como controlar se o objetivo de Bolsonaro sempre foi infectar o máximo de gente e o mais rapidamente possível?
A média móvel de casos sobe para 65,6 mil e a média móvel de mortes pelo 5º dia seguido, voltando à casa das 1.900.
NO BRASIL
Registro de mortes hoje: 2.215
Total de mortes: 484.350
Média móvel de mortes nos últimos 7 dias: 1.912
Casos confirmados em 24 horas: 86.061
Casos acumulados na pandemia: 17.301.220
Média móvel de novos casos nos últimos 7 dias: 65.609
Casos ativos: 1,568 milhão
Em 146 dias de campanha, pessoas vacinadas: 53,843 milhões (25,43% da pop.)
Em segunda dose, 127 dias: 23,631 milhões de imunizados (11,16% da pop.)
NO MUNDO
Casos: 176,3 milhões
Óbitos: 3.799.300
1º – E U A: 614,5 mil
2º – Brasil: 484,3 mil
3º – Índia: 367,1 mil
4º – México: 229,6 mil
5º – Peru: 187,8 mil
6º – Reino Unido: 128,1 mil
7º – Itália: 126,9 mil
Dados JHU (Johns Hopkins University).
É o que registra o diário de bordo.