A Triste Realidade da Vacinação e a Manipulação da Informação

O impacto da desinformação e a negligência no enfrentamento da pandemia no Brasil.

Nos últimos dias, a grande mídia tem sido arrastada por uma estratégia de desinformação e promessas vazias, especialmente em relação ao recebimento de vacinas da Janssen, um imunizante de dose única que foi anunciado com grande alarde. A notícia sobre a chegada dessas vacinas foi, em grande parte, tratada como uma solução milagrosa para a crise sanitária, mas o contexto por trás do anúncio foi minimizado e ignorado. O que parecia ser uma boa notícia – a chegada de novas vacinas – revelou-se mais uma ilusão, um paliativo que esconde a real falta de planejamento e a escassez de recursos.

O problema começa com o próprio anúncio do Ministério da Saúde, que embora tenha destacado a chegada de vacinas, não explicou adequadamente a diminuição da previsão de chegada de novas vacinas, de 52,2 para 39,8 milhões. Essa quebra de expectativa, que deveria ser o foco da discussão, foi ofuscada pelo pânico gerado em torno do prazo de validade das vacinas da Janssen, que venceriam em breve. Esse tipo de estratégia só contribui para o caos e a desorganização, principalmente em um contexto em que já enfrentamos uma crise sanitária de proporções gigantescas.

O ministro Queiroga, durante a CPI da Covid, reforçou ainda mais a incerteza e a falta de compromisso ao afirmar que o Brasil só poderia contar com essas vacinas caso o FDA (órgão de vigilância norte-americano) autorizasse sua chegada. Essa frase, repleta de condicionais, é um reflexo claro da falta de controle e da falta de transparência do governo federal. Como podemos esperar algo eficaz de um governo que depende de “se” e “quando” para garantir vacinas essenciais para a população?

E o pior não parou por aí. A previsão de chegada de vacinas foi reduzida ainda mais, com a confirmação de que metade das vacinas da AstraZeneca, que seriam enviadas pelo consórcio Covax Facility, chegarão apenas em julho. Essa mudança, que diminui ainda mais a quantidade de vacinas disponíveis para a população, só revela o total desespero e desorganização no planejamento de imunização. Enquanto isso, outros países, como os Estados Unidos, já estão se preparando para distribuir 500 milhões de vacinas para países mais pobres, mas o Brasil, um país com capacidade de comprar vacinas, continua a relutar, colocando interesses políticos à frente da saúde da população.

O impacto dessa postura foi claro hoje, quando o presidente Bolsonaro anunciou que Queiroga irá fazer um parecer respaldando a não obrigatoriedade do uso de máscaras. A medida não apenas desrespeita as recomendações científicas, como também demonstra um total descaso com a saúde pública. O que se vê é um jogo de interesses e de descuido com a vida das pessoas, em nome de um discurso político que ignora a tragédia humanitária em curso.

O Brasil segue batendo recordes de mortes diárias, com mais de 2,3 mil óbitos registrados hoje, totalizando mais de 482 mil mortes desde o início da pandemia. O cenário se torna cada vez mais sombrio à medida que a vacinação avança de forma lenta e ineficaz. A média móvel de mortes segue estável em um patamar alarmante, com 1.764 mortes diárias nos últimos sete dias, enquanto o número de casos ativos continua a se manter em torno de 1,5 milhão.

Nesse cenário, a pergunta que fica é: até quando o governo continuará a empurrar a responsabilidade da vacinação para outros países e insistir em decisões que prejudicam a vida de milhões de brasileiros? O Brasil precisa de um governo que atue com seriedade e responsabilidade, e não de promessas vazias e estratégias de manipulação da opinião pública. Enquanto o jogo de poder segue em curso, a população segue pagando o preço da ineficiência e da falta de ação.

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