Com a evolução dos debates sobre a sexualidade humana, é importante questionar, à luz dos direitos humanos, as propostas que buscam “curar” a homossexualidade. Tais tentativas não só carecem de fundamentação científica, como também comprometem os avanços conquistados na luta contra a discriminação.
- A questão da “cura” da homossexualidade é, como bem apontado por Drauzio Varella, um conceito desnecessário, pois muito provavelmente esse “problema” sequer existe. A homossexualidade não é uma doença, portanto, não há o que curar. A mudança no comportamento e nas atitudes em relação à sexualidade, que muitos alegam ser necessária, já ocorre naturalmente na sociedade, sem a necessidade de intervenção legislativa. Não há razão para que a lei tenha de ser alterada, pois a naturalidade da diversidade sexual é um fato que deve ser respeitado e compreendido como tal.
- Projetos que propõem a “cura” da homossexualidade, promovidos por alguns psicólogos ou até mesmo legisladores, não só são cientificamente infundados como também representam um retrocesso em relação ao conhecimento moderno sobre comportamento sexual. Essas propostas podem enfraquecer os esforços para a aceitação da diversidade sexual e para a diminuição do preconceito que, ao longo dos anos, foram conquistados por meio de árduas lutas das comunidades LGBT+. Portanto, ao invés de garantir uma suposta liberdade de expressão, a defesa desse tipo de projeto não faria mais do que intensificar a discriminação e os preconceitos que ainda afetam milhões de pessoas ao redor do mundo.
A chamada “liberdade de expressão” que está sendo pleiteada por alguns deputados no Brasil tem um efeito inverso: ao invés de promover maior compreensão, ela poderia coagir muitos indivíduos a se submeterem a diagnósticos e tratamentos fraudulentos e prejudiciais, que mais reforçam estigmas do que ajudam qualquer processo de aceitação pessoal. O que realmente se precisa é de uma sociedade mais inclusiva e acolhedora, onde cada pessoa seja respeitada por sua identidade e orientação sexual.
Por essas razões, qualquer tentativa de impor uma “cura” para a homossexualidade deve ser completamente rejeitada. Ela não só é desnecessária como também perigosa, minando os avanços conquistados na luta pelos direitos humanos e pela liberdade individual. Essa pauta não tem mais espaço em uma sociedade que luta pela igualdade, pela aceitação e pelo respeito às diferenças.