Apesar dos avanços na imunização, o Brasil ainda enfrenta elevados números de contágios e mortes, com a vacinação longe de ser ideal.
Nos últimos dias, os dados da pandemia têm revelado uma mudança preocupante no perfil das vítimas da Covid-19 no Brasil. Entre 30 de maio e 5 de junho, 53,3% das mortes foram de pessoas com até 59 anos, superando pela primeira vez os óbitos entre os idosos de 60 anos ou mais. Esse dado, coletado a partir do portal da transparência da Associação Nacional de Registradores de Pessoas Naturais (Arpen), reflete a crescente vacinação entre os grupos mais velhos, mas também destaca a persistente alta circulação do vírus, especialmente com o surgimento de novas variantes.
A boa notícia por trás desse dado é que a vacinação tem sido o fator principal para a queda da mortalidade entre os mais velhos, já que os idosos têm sido priorizados nas campanhas de imunização. No entanto, a má notícia é que a taxa de contágio ainda se mantém elevada, e a média móvel de óbitos segue em um patamar alarmante. A falta de medidas eficazes de isolamento social e o avanço de novas cepas de maior transmissibilidade só agravam essa situação, o que pode resultar em mais casos graves e mortes entre os jovens.
Outro dado preocupante é o fato de que 10% dos idosos com mais de 70 anos ainda não tomaram a primeira dose da vacina, um número que pode ser reflexo do negacionismo, mas também das dificuldades de locomoção e do isolamento social dessa população vulnerável. Além disso, cerca de 20% dos vacinados não retornam para a segunda dose, enfraquecendo a eficácia da imunização. Entre as razões para o não retorno estão falecimentos, problemas de saúde, contaminação pela Covid-19 durante o período do retorno, e até mesmo o esquecimento, uma falha que poderia ser minimizada com campanhas constantes de informação.
É urgente uma “tempestade de boas informações”, especialmente diante do avanço de notícias falsas que continuam a gerar desinformação. A necessidade de esclarecimento e de um esforço contínuo para engajar a população na busca pela proteção individual e coletiva nunca foi tão grande. Embora os dados mostrem que a vacinação está em progresso – com 24,48% da população já vacinada com ao menos uma dose – o caminho ainda é longo, e o Brasil segue lutando contra um vírus altamente transmissível e imprevisível.
A realidade é que, sem uma coordenação eficaz, a vacinação em massa e o retorno à vida social de forma segura, o número de casos e óbitos seguirá estável ou até mesmo em crescimento. A Copa América, em meio a essa situação, certamente contribuirá para o agravamento do cenário, com a movimentação de pessoas de diferentes partes do mundo e o aumento da exposição ao vírus.
No Brasil
- Registro de mortes hoje: 2.484
- Total de mortes: 479.791
- Média móvel de mortes nos últimos 7 dias: 1.727
- Casos confirmados em 24 horas: 86.854
- Casos acumulados na pandemia: 17.125.357
- Média móvel de novos casos nos últimos 7 dias: 58.239
- Casos ativos: 1,489 milhão
- Pessoas vacinadas (1ª dose): 51,847 milhões (24,48% da população)
- Pessoas vacinadas (2ª dose): 23,418 milhões (11,06% da população)
No mundo
- Casos: 175,7 milhões
- Óbitos: 3.783.600
- 1º – EUA: 613,4 mil
- 2º – Brasil: 479,8 mil
- 3º – Índia: 359,7 mil
- 4º – México: 229,1 mil
- 5º – Peru: 187,2 mil
- 6º – Reino Unido: 128,1 mil
- 7º – Itália: 126,8 mil
Dados JHU (Johns Hopkins University).