Dois médicos conselheiros do Conselho Federal de Medicina (Annelise Mota de Alencar Meneguesso e Luís Guilherme Teixeira dos Santos – nenhum deles infectologista) participaram e discursaram em uma reunião do “gabinete paralelo”, investigado pela CPI da Covid-19, no Palácio do Planalto, em setembro do ano passado, junto ao presidente da República, Jair Bolsonaro.
Intitulado pelo presidente como “Audiência com movimento ‘Médicos pela Vida'”, o encontro reuniu diversos profissionais da saúde que, sem máscara, sem estarem imunizados e dentro de uma sala fechada, defenderam o uso de medicamentos comprovadamente ineficazes contra a covid-19 e o tratamento precoce.
Segundo o médico Luís Guilherme, “há milhares de médicos ao lado do presidente lutando contra um sistema.”
“Hoje eu vejo cada uma dessas pessoas que estão aqui e tantas outras que já passaram, presidente, que estão lutando ao lado do senhor. Nós temos hoje dezenas, milhares de médicos que estão lutando contra um sistema que foi dado, e esse sistema é contra a vida, contra as pessoas, contra a sociedade. Muitoa médicos que hoje estão na linha de frente de fato são médicos de verdade”.
E olha quem está sentadinha lá na frente… Ela mesma, a Dra. Yamaguchi. Participando ativamente do gabinete paralelo de gestão.
Curioso este magnetismo entre CFM e Palácio do Planalto. Curioso ninguém ali usar máscara numa sala lacrada. Curioso ninguém da Sociedade Brasileira de Infectologia ter sido convidado para uma reunião “técnica” visando abordar a COVID-19. Curioso um país como o Brasil, com mais de 500.000 médicos, ter sido representado na reunião sobre doença infecciosa grave por um urologista e uma endocrinologista.
Esta gestão do CFM não representa boa parte dos médicos brasileiros. Nada do que ela faz representa. Essa idolatria política precisa acabar.
Fonte dos dados: Folha UOL