Recorde de mortes por causas naturais em 2020 confirma mortalidade pela pandemia

Bolsonaro ataca com nova fake news, do tipo da mais insidiosa, pois usa um fato ou informação e a distorce, simplificando a conclusão de algo que é mais complexo. Mas vamos à questão.

Bolsonaro afirmou que teve acesso à relatório do Tribunal de Contas da União (TCU) afirmando que ‘50% dos óbitos por Covid-19 não foram por Covid-19’. Curiosamente, mesmo que isso fosse verdade, estaríamos afirmando que o negacionismo é responsável por “apenas” 250 mil mortes. Mas a bobagem dita é a tática de sempre de tentar provocar alguma dúvida, unificar as bases negacionistas com falsos argumentos e tentar impor o tema da discussão.

O cerne da fala de Bolsonaro foi a de que a imprensa não iria dar a notícia o que o levaria a se esforçar pessoalmente inclusive com a identificação de uns 3 jornalistas sérios. Na verdade, menos que questionar os dados da pandemia, essa discussão alimenta a tentativa de igualar o conjunto do que sai na imprensa com o que ele divulga em suas mídias sociais.

O TCU já divulgou uma nota desmentindo a declaração Bolsonaro, elucidando que não há nada em seus relatórios que corrobora o que diz o presidente mentiroso, mas que apontam que também óbitos por doenças cardiovasculares aumentaram, informação que visa trazer outros elementos para o debate, como os efeitos indiretos da pandemia agravando outros quadros de saúde. Isso foi transformado pelo genocida em superestimação das mortes por Covid-19.

O tema do suposto exagero das mortes pela Covid-19 é recorrente e uma das informações mais utilizadas são as oriundas dos registros de mortes nos cartórios, evidente que com dados mal analisados e mesmo prints falsos. Entre as notícias falsas que fazem mais sucesso está a que afirma que em 2020 morreu menos gente que em 2019, com a frase sarcástica: “estranha essa pandemia que diminui os mortos em vez de aumentar”.

Relatório do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (CONASS) sobre excesso de mortes em comparação à projeção de mortes para o ano de 2020, que encerra de forma cabal esse falso argumento. É um estudo com metodologia da Vital Strategies com dados da Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen-Brasil) e do Sistema de informações sobre Mortalidade (SIM – Ministério da Saúde).

Resumidamente, faz-se uma projeção dos óbitos para 2020 a partir da série histórica da 2015 a 2019 (5 anos) e se compara com os óbitos ocorridos semana por semana de 2020. Adivinhem! Os dados são coerentes com a evolução da pandemia.

Veja este trecho da Nota Técnica:

“É bastante conhecido o impacto de doenças pandêmicas na mortalidade populacional, com aumento no número de mortes diretamente pela própria doença e, de forma indireta, pelos efeitos na superlotação de hospitais e unidades de saúde, e pelo receio dos doentes crônicos e vítimas de mal-estar súbito de procurar atendimento hospitalar pelo risco de ser infectado pelo novo coronavírus, além de restrições a movimentação etc. Nesse sentido, observar o excesso da mortalidade fornece insights sobre as consequências da epidemia na saúde da população, informando os gestores de saúde sobre os padrões contínuos de transmissão viral e a direção da epidemia. Apesar de indicadores mais específicos sobre a doença serem imprescindíveis para um bom monitoramento da situação, o excesso de mortalidade representa um indicador relativamente simples e robusto, uma vez que é possível ser feita a contagem do número de óbitos que estão ocorrendo, independente da precisão da causa de morte”.

Nota Técnica

O “bom negacionista”, pelo método da simplificação obtusa e falseadora, certamente concluirá lendo o parágrafo acima que o Bolsonaro está certo, estão inventando mortes por Covid-19. Grotesco assim.

NO BRASIL

Registro de mortes hoje: 1.119

Total de mortes: 474.614

Média móvel de mortes nos últimos 7 dias: 1.664

Casos confirmados em 24 horas: 39.712

Casos acumulados na pandemia: 16.985.812

Média móvel de novos casos nos últimos 7 dias: 62.591

Casos ativos: 1,493 milhão

Em 141 dias de campanha, pessoas vacinadas: 49,600 milhões (23,42% da pop.)

Em segunda dose, 122 dias: 23,030 milhões de imunizados (10,88% da pop.

NO MUNDO Casos: 176 milhões

Óbitos: 3.759.400

1º – E U A: 612,6 mil

2º – Brasil: 474,6 mil

3º – Índia: 351,6 mil

4º – México: 228,8 mil

5º – Peru: 186,7 mil

6º – Reino Unido: 128,1 mil

7º – Itália: 126,6 mil

Dados JHU (Johns Hopkins University).

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