Quando começamos a campanha de vacinação contra a Covid-19 em 17 de janeiro, tínhamos 961 mortes de média móvel. Hoje, com 135 dias de vacinação a média móvel de óbitos está em 1.849. No meio desse percurso chegamos à média móvel acima de 3 mil mortes. Isso foi na primeira quinzena de abril.
A média móvel de mortes caiu consistentemente a partir da segunda quinzena de abril e vem se mantendo estável com índices perto de 1,9 mil nas últimas duas semanas. Com a média móvel de casos foi diferente, oscilou para cima nas últimas 6 semanas e parece agora se estabilizar. O aumento de novos casos e de casos ativos diários da doença não refletiu em subida do número de mortes.
Provavelmente a vacinação tem diminuído a mortalidade, pois a maioria dos vacinados são da população mais idosa e grupos de risco por morbidades e profissionais da saúde (mais vulneráveis). Por outro lado, a lentidão da vacinação, que só imunizou completamente pouco menos de 11% da população, não possibilita queda mais acentuada dos óbitos e muito menos dos casos, pois a maioria não foi vacinada e as medidas de isolamento tem se mostrado insuficientes.
Os especialistas têm insistido que essa combinação de fragilização das medidas sanitárias protetivas e quarentenárias, mais o descontrole da disseminação do vírus, o estoque sempre alto de casos ativos, o risco de debacle de sistema de saúde e a possibilidade de novas cepas importadas ou geradas no país, pode degringolar para uma nova explosão de mortes. Provavelmente essas condições já estão operando para contrabalançar os efeitos positivos da vacinação.
E nesse quadro o que nos surpreende? O Brasil ganha de presente a realização da Copa América. Depois de Argentina e Colômbia descararem sediar a realização do evento, obvio que por conta do descontrole da pandemia em seus territórios, a confederação sul-americana Conmebol, solicitou à CBF que, consultando o governo federal, aceitou. Curioso é que o Brasil nem sequer estava entre os países que poderiam sediar o torneio.
Trata-se de um evento menor do ponto de vista esportivo, fora do calendário da copa do mundo, não é classificatório e já foi adiado, seria em 2020, por conta mesmo da pandemia, que agora está numa crise ainda mais aguda. Indefensável.
Tem um agravante, começará em duas semanas, sem tempo de planejamento, o que determina que mesmo que fosse possível implementar protocolos sanitários minimamente viáveis (o que não existe), a correria e improviso não permitiriam. São 12 seleções que disputarão 30 jogos. É um crime, mais um do negacionismo. Será um novo 7 a 1, dessa vez para o time do vírus.
A resposta está sendo forte, a oposição e a CPI já reagiram e se precisar vamos às ruas gritar Não – Vai – Ter – Copa e fora Bolsonaro.
NO BRASIL
Registro de mortes hoje: 874
Total de mortes: 462.966
Média móvel de mortes nos últimos 7 dias: 1.849
Casos confirmados em 24 horas: 34.960
Casos acumulados na pandemia: 16.547.674
Média móvel de novos casos nos últimos 7 dias: 60.934
Casos ativos: 1,503 milhão
Em 135 dias de campanha, pessoas vacinadas: 45,700 milhões (21,58% da pop.)
Em segunda dose, 116 dias: 22,200 milhões de imunizados (10,48% da pop.)
NO MUNDO
Casos: 172 milhões
Óbitos: 3.572.000
1º – E U A: 609,8 mil
2º – Brasil: 463 mil
3º – Índia: 331,9 mil
4º – México: 223,5 mil
5º – Reino Unido: 128 mil
6º – Itália: 126,1 mil
7º – Rússia: 121,5 mil
Dados JHU (Johns Hopkins University).
É o que registra o diário de bordo.