Principais veículos de comunicação ignoram o manifesto de 29 de maio: Vietnã não é aqui

As capas do Globo e do Estadão de hoje são muito mais do que uma vergonha histórica. A falta de cobertura do grupo Globo das enormes manifestações de ontem (29/05) pela vida e contra Bolsonaro lembram a tentativa de esconder os comícios pelas Diretas Já em 1984. O jornal O Globo, pois na capa o PIB crescendo e as empresas voltando a investir (estamos salvos…) e o Estadão pôs na capa a incrível notícia de que cidades turísticas se reinventam na pandemia.

Os Grandes jornais, com responsabilidade pública, traindo os fatos. Centenas de milhares de brasileiras e brasileiros ocupam as ruas do Brasil gritando “Fora, Bolsonaro” e o Globo dá como manchete “Pib reaquece” e o Estadão fala de “turismo”.

A direita a capa do Jornal O Globo, a esquerda O Estado de S.Paulo, ambas não deram notoriedade aos manifestos de ontem 29 de maio. Foto: Banco de imagens internet.

Centenas de milhares de brasileiras e brasileiros gritando nas ruas “Eu te Responsabilizo, Bolsonaro” e o Globo e o Estadão acham que podem simplesmente minimizar – e tanto têm certeza que podem, que minimizam. Fato, que fato? Notícia, onde? Centenas de milhares de brasileiras e brasileiros nas ruas e o Globo e o Estadão acham que não é manchete. Tipo… quase nada aconteceu. A NÃO cobertura do 29M por grande parte da grande imprensa dá a dimensão da gravidade do que estamos vivendo, o que sabemos bem, e dá a dimensão da complexidade do que estamos vivendo, para além do que seria possível imaginar.

Os grandes jornais acham que podem ignorar a realidade e continuar se apresentando como imprensa. Podemos pensar que, além de todos os significados, não aprenderam nada com a ditadura militar. Daqui uns 30 anos vão vir com explicações, arrependimentos e meia culpas. Mas é muito pior do que isso.

Fizeram uma escolha – e fizeram essa escolha mesmo sabendo o que ela custa para um jornal. Sacrificaram o jornalismo em nome dessa escolha. Se alguém ainda não tinha entendido, agora entendeu. Significa muito o que aconteceu nessas capas. Vai render muitos livros e teses acadêmicas. Mas, agora, neste momento, precisamos lutar pela vida. E já entendemos que uma parcela significativa da grande imprensa já começou a sacrificar os fatos e a ocultar a realidade, mesmo que a realidade sejam centenas de milhares de brasileiras e brasileiros na ruas.

Um jornal mostra se merece esse nome nos momentos cruciais vividos pela sociedade, aqueles em que a imprensa é mais necessária do que nunca à democracia. A ampla crise vivida pelo Brasil poderia ser o momento em que a imprensa mostraria o quanto é necessária e insubstituível, como tem acontecido em outros países, em que a imprensa voltou a ser valorizada como agente fundamental para o restabelecimento da verdade.

O que testemunhamos com essas capas é uma traição a todos os princípios do jornalismo. Essas capas são uma mentira. Felizmente, esses não são os únicos jornais do Brasil. Leiam (escutem e assistam) quem tem respeito pela nossa inteligência, quem tem respeito pelo jornalismo, quem tem respeito pelos fatos.

Parece que não gostam de Bolsonaro, mas gostam menos ainda do povo na rua. E povo que tomou as ruas porque tem pressa, pois a pandemia segue mortal e sem ser de fato combatida e sem vacina em massa. A situação tende a piorar muito, ao menos a prefeitura de São Paulo já se prepara para isso.

Em matéria do G1 o secretário municipal de Saúde, Edson Aparecido fala abertamente da terceira onda e da circulação da variante identificada na Índia, inclusive com a preparação de hospital em Guaianases (bairro na zona leste) para atender infectados pela nova cepa.

O fato é que em 134 dias de vacinação temos menos de 11% da população vacinada, com média diária de pouco mais de 500 mil inoculações. Seguimos sem uma estratégia de isolamento, mal suprida por iniciativas pontuais e locais, que seriam muito mais eficazes se fossem nacionalmente coordenadas. Além disso, parte da população se expõe por força da necessidade de sobrevivência, outra parte, jovens principalmente, se aglomeram em festas e bares, fora a parcela de negacionistas de carteirinha.

O nosso não combate à pandemia, de fato um plano negacionista expresso na criminosa imunidade de rebanho, produz nossos alarmantes números e de quebra incuba variantes do vírus, produzindo cepas made in brasil e importando e alastrando outras. E tudo indica que a tendência evolutiva do vírus vai no sentido de variantes que são de mais fácil transmissão.

Sobre isso, em entrevista de hoje na CNN, o microbiologista da Universidade de São Paulo (USP), Luiz Gustavo de Almeida avaliou que a recente mutação identificada no Vietnã é uma variação da cepa indiana que adquiriu características semelhantes à que foi identificada no Reino Unido.

Almeida alerta que:

“Isso causa preocupação de as mesmas mutações surgirem em diferentes lugares do planeta. É um indício forte de que há uma vantagem adaptativa do vírus, gostando cada vez mais do seu novo hospedeiro, os seres humanos”.

Essa característica do vírus não necessariamente o torna mais mortal, mas certamente tem fornecido maior capacidade de infectar, inclusive enganando os anticorpos permitindo a reinfecção em que já teve Covid-19 de outras cepas e pode sim driblar o sistema imunológico de quem já foi vacinado. Morrem mais pessoas por de ter mais gente infectada, o que acaba pressionando os sistemas de saúde e provocando desassistência.

O caso vietnamita é muito interessante. Controlando a propagação da doença por um gigantesco esforço de identificação dos contágios e adotando medidas quarentenárias radicais, teve de 4 mil casos e 35 óbitos até abril. Somente em maio, com a nova cepa, foram 4 mil casos e 12 mortes, o que indica o papel devastador das variantes na propagação do vírus. Se teve esse efeito no Vietnã, imaginem o que poderá acontecer aqui. Segue a urgência do fora Bolsonaro.

NO BRASIL

Registro de mortes hoje: 950

Total de mortes: 462.092

Média móvel de mortes nos últimos 7 dias: 1.844

Casos confirmados em 24 horas: 41.705

Casos acumulados na pandemia: 16.512.714

Média móvel de novos casos nos últimos 7 dias: 61.306

Casos ativos: 1,446 milhão

Em 134 dias de campanha, pessoas vacinadas: 45,234 milhões (21,36% da pop.)

Em segunda dose, 115 dias: 22,063 milhões de imunizados (10,42% da pop.)

NO MUNDO Casos: 171,6 milhões

Óbitos: 3.562.900

1º – E U A: 609,5 mil

2º – Brasil: 462 mil

3º – Índia: 329,1 mil

4º – México: 223,5 mil

5º – Reino Unido: 128 mil

6º – Itália: 126 mil

7º – Rússia: 121,2 mil

Dados JHU (Johns Hopkins University).

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