Mesmo com a vacinação avançando, o Brasil ainda enfrenta dificuldades no controle da pandemia devido à falta de medidas coordenadas e eficazes.
O Brasil continua a viver uma situação crítica em relação à pandemia de COVID-19, com a vacinação avançando de forma lenta e ineficaz diante de um cenário de constantes oscilações nas taxas de contágio e mortalidade. Embora o país tenha implementado algumas restrições ao comércio, serviços e aglomerações, o isolamento social de fato nunca foi plenamente adotado. As medidas, como toques de recolher e lockdowns, são esporádicas e pontuais, não havendo um controle rigoroso da circulação do vírus. O isolamento social efetivo, caracterizado pelo stay-at-home, ocorreu principalmente pela adesão voluntária da população, e setores como a educação e saúde se adaptaram ao trabalho remoto, incluindo aulas e consultas à distância.
Em meio à pandemia, a falta de um suporte financeiro adequado, como o auxílio emergencial, forçou muitas pessoas a saírem de casa e buscar empregos informais, o que aumentou o risco de exposição ao vírus. O índice de isolamento social, que deveria ser de 60% ou mais, raramente atingia 50%, e frequentemente ficava abaixo de 40%. Essa média foi calculada a partir da localização dos celulares, utilizando o critério de onde o aparelho estava “durante a noite” (entre 2h e 6h da manhã). Apesar da imprecisão, essa medição fornecia um panorama do comportamento da população.
Nos primeiros meses de pandemia, o índice de isolamento foi amplamente discutido na mídia, com comemorações durante os períodos de maior adesão e críticas durante as quedas. No entanto, esse tema desapareceu dos noticiários nos meses seguintes, à medida que a sociedade e o governo relaxaram o controle sobre o distanciamento. O Brasil, ainda lidando com a segunda onda da pandemia (ou uma continuação de uma única onda, com altos e baixos), nunca implementou um controle eficaz da transmissão do vírus, com ações coordenadas e uma diretriz nacional que levasse em conta as realidades locais.
Se por um lado a vacinação tem avançado, com mais de 44 milhões de pessoas já vacinadas, o ritmo lento da campanha tem sido insuficiente para gerar uma verdadeira imunidade coletiva, e muitos veem na vacinação uma falsa sensação de segurança, que contribui para o relaxamento das medidas de proteção. Além disso, a vacinação por si só não tem funcionado como controle imediato da pandemia, como demonstrado por países como Chile e Uruguai, que, apesar de vacinas mais avançadas, ainda enfrentam surtos graves de contágio e morte. A combinação de vacinação com medidas rígidas de controle, como higiene, uso de máscaras e isolamento social, é apontada como a solução mais eficaz para estabilizar o surto.
Enquanto isso, o Brasil segue sendo um dos países mais afetados pela pandemia, com mais de 459 mil mortes e uma taxa de contágios que continua preocupante. Comparado à Europa, onde o controle de circulação foi mais rigoroso, o Brasil nunca conseguiu diminuir efetivamente a taxa de transmissão do vírus. Na Europa, os países adotaram lockdowns pesados e, em seguida, relaxaram as medidas de forma gradual, o que levou à redução dos casos e mortes. O Brasil, por outro lado, tem enfrentado uma pandemia incontrolável devido à falta de medidas coordenadas, à pressão política e à escassez de recursos.
Além da vacinação lenta, o Brasil pode estar diante de um novo ciclo de infecções. A velocidade da vacinação é insuficiente para criar a imunidade coletiva necessária, e a chegada de novas cepas do vírus pode tornar ainda mais difícil o controle da pandemia. O tempo que as vacinas permanecem eficazes também é uma preocupação crescente, com a necessidade de reforços periódicos, o que implica numa nova onda de vacinação em breve. Sem uma estratégia eficaz e coordenada, o Brasil pode continuar enfrentando as consequências devastadoras de uma pandemia que já dura mais de um ano, e a perspectiva de um novo ciclo de contágios se torna uma realidade iminente.
Em um cenário global onde a vacinação tem avançado mais rapidamente em muitos países, o Brasil ainda luta para atingir níveis de imunização suficientes. A única forma de controlar a pandemia de maneira eficaz será através de uma combinação de medidas rigorosas de controle de circulação e a vacinação em massa. O que se observa é que, sem um controle mais eficaz, a pandemia continuará a assolar o Brasil, trazendo novas variantes do vírus e prolongando um sofrimento que poderia ter sido evitado com uma resposta mais coordenada e eficiente desde o início.
No Brasil
- Registro de mortes hoje: 2.418
- Total de mortes: 459.171
- Média móvel de mortes nos últimos 7 dias: 1.806
- Casos confirmados em 24 horas: 51.545
- Casos acumulados na pandemia: 16.392.657
- Média móvel de novos casos nos últimos 7 dias: 59.500
- Casos ativos: 1,5 milhão
- Em 132 dias de campanha, pessoas vacinadas: 44,828 milhões (21,17% da população)
- Em segunda dose, 113 dias: 21,955 milhões de imunizados (10,37% da população)
No Mundo
- Casos: 170,7 milhões
- Óbitos: 3.544.200
- 1º – EUA: 608,9 mil
- 2º – Brasil: 459,2 mil
- 3º – Índia: 322,4 mil
- 4º – México: 222,7 mil
- 5º – Reino Unido: 128 mil
- 6º – Itália: 125,9 mil
- 7º – Rússia: 120,4 mil
Dados: Johns Hopkins University