Vacinação — se fizermos as contas, bate o desespero

O depoimento na CPI de Dimas Covas, diretor do Instituto Butantan, responsável pala fabricação da vacina CoronaVac, é chocante. Não tanto pelas informações em si, que nem chegam a ser novidades para quem acompanha atentamente o noticiário. O que choca mesmo, num misto de indignação e tristeza, é a conclusão de que poderíamos ter iniciado muito antes a vacinação e num ritmo muito mais rápido e, atenção, salvo dezenas de milhares de vidas.

Covas recupera que a primeira oferta ao Ministério da Saúde feita em julho/2020 foi de 60 milhões de doses a serem entregues ainda em dezembro do ano passado. A negociação não andou e em outubro outra oferta, essa vez de 100 milhões de doses. As tratativas pareciam andar bem, até mesmo com Eduardo Pazuello marcando data para o anúncio, mas aí Bolsonaro interfere e faz declaração pública dizendo que não compraria o que chamou de vacina chinesa do Doria.

O resultado é que somente em janeiro se efetivou o contrato do Butantan com o Ministério da Saúde. O atraso gerou inclusive efeitos adversos no mercado mundial, pois muitos países entraram cada vez mais intensamente na disputa por vacinas, o que gerou escassez de doses e de insumos (IFA). Quando finalmente decidimos, encontramos um mercado muito mais hostil.

Soma-se ao caso da CoronaVac / Butantan, o da Pfizer, que também ofereceu vacina e foi acusada de fazer exigências exageradas e pior, teve ofertas simplesmente ignoradas. Mas tem ainda a incrível falta de iniciativa para ter aqui outros imunizantes. Usamos 3 até o momento, quando já são 14 vacinas sendo utilizadas no mundo. Sem esquecer a polêmica da ANVISA com a Sputnik V.

Tudo isso explica a nossa lentidão no processo de vacinação. É desesperador, mas a fila não anda. Ontem (26), por exemplo, foram inoculadas cerca de 712 mil doses, bem longe do recorde da campanha que foi em 23 de abril em que foram aplicadas perto de 1.800.000 de doses. A média em 131 dias de campanha é de pouco mais de 500 mil doses diárias. Mantido esse ritmo precisaríamos mais 16 meses para vacinar todos os adultos. Isso mesmo, 1 ano e 4 meses.

NO BRASIL

Registro de mortes hoje: 2.130

Total de mortes: 456.753

Média móvel de mortes nos últimos 7 dias: 2.130

Casos confirmados em 24 horas: 65.672

Casos acumulados na pandemia: 16.341.112

Média móvel de novos casos nos últimos 7 dias: 63.222

Casos ativos: 1,500 milhão

Em 131 dias de campanha, pessoas vacinadas: 43,936 milhões (20,75% da pop.)

Em segunda dose, 112 dias: 21,635 milhões de imunizados (10,22% da pop.)

NO MUNDO

Casos: 170,1 milhões

Óbitos: 3.530.600

1º – E U A: 606,8 mil

2º – Brasil: 456,7 mil

3º – Índia: 318,8 mil

4º – México: 222,2 mil

5º – Reino Unido: 128 mil

6º – Itália: 125,8 mil

7º – Rússia: 120 mil

Dados JHU (Johns Hopkins University).

É o que registra o diário de bordo.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.