Pesquisas inovadoras, como o estudo da Fiocruz, revelam novos caminhos para compreender a severidade da doença, enquanto o Brasil enfrenta um desmonte da ciência e da soberania nacional.
A pandemia de Covid-19 trouxe à tona não apenas os desafios enfrentados pelos sistemas de saúde, mas também as questões relacionadas às disparidades na mortalidade e na evolução da doença entre países, etnias e indivíduos. Embora as medidas sanitárias adotadas em diferentes países tenham sido cruciais para controlar a disseminação do vírus, a questão de por que alguns indivíduos desenvolvem formas mais graves da doença permanece um campo em aberto. A resposta do organismo, fatores genéticos e outros determinantes podem explicar por que algumas pessoas sucumbem de forma precoce, enquanto outras enfrentam formas mais brandas da doença.
Um estudo coordenado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) busca lançar luz sobre essa questão. A pesquisa, realizada entre março e dezembro de 2020, encontrou uma possível associação entre a presença do retrovírus endógeno humano da família K (HERV-K) e a gravidade dos casos de Covid-19, incluindo a mortalidade precoce. Os pesquisadores observaram elevados níveis desse retrovírus no trato respiratório de pacientes infectados, sugerindo que ele poderia estar relacionado a uma resposta imune inadequada e ao agravamento da doença.
O estudo propõe uma hipótese intrigante: o retrovírus HERV-K, que já está presente no genoma humano de forma inerte, pode ser reativado pelo Sars-CoV-2. Esse retrovírus, que ficou “silencioso” durante gerações, pode ser reativado quando o vírus da Covid-19 entra em ação, resultando em uma resposta imunológica mais forte e um quadro clínico mais grave. Embora esse estudo ainda não tenha sido revisado por pares, ele abre novas perspectivas para entender os mecanismos que influenciam a gravidade da doença.
Essa descoberta é um reflexo da importância da ciência no Brasil, que, apesar das dificuldades impostas por uma política de desvalorização da pesquisa e da educação, segue produzindo conhecimento relevante. Infelizmente, o Brasil tem perdido preciosos recursos em pesquisas que não têm a mesma relevância, como os estudos sobre vermífugos e o uso de cloroquina no tratamento precoce, que careciam de fundamentos científicos sólidos. O desmonte das universidades públicas e a interrupção do financiamento para pesquisas essenciais são desafios imensos para o avanço científico nacional.
Além disso, o Brasil enfrenta uma grave crise de soberania científica, exacerbada por um governo que, longe de incentivar a pesquisa, promove um projeto entreguista liderado pelo ministro Paulo Guedes, cujas políticas visam a desvalorização do conhecimento e a subordinação ao capital estrangeiro. Esse projeto, que tem prejudicado a autonomia nacional, é mais perigoso para o futuro do país do que as falácias e ignorâncias propagadas pelo presidente e seus aliados.
Em um cenário de crise sanitária como o atual, não há soberania sem ciência. E sem uma política que valorize a pesquisa científica nacional, o país continuará a se ver à mercê das grandes potências e dos interesses estrangeiros, prejudicando o desenvolvimento e a saúde da população.
No Brasil
- Registro de mortes hoje: 841
- Total de mortes: 450.026
- Média móvel de mortes nos últimos 7 dias: 1.881
- Casos confirmados em 24 horas: 37.563
- Casos acumulados na pandemia: 16.121.136
- Média móvel de novos casos nos últimos 7 dias: 65.719
- Casos ativos: 1,482 milhão
- Em 128 dias de campanha, pessoas vacinadas: 42,540 milhões (20,09% da população)
- Em segunda dose, 109 dias: 20,936 milhões de imunizados (9,89% da população)
No Mundo
- Casos: 168,6 milhões
- Óbitos: 3.493.200 1º – EUA: 604,3 mil 2º – Brasil: 449,9 mil 3º – Índia: 307,2 mil 4º – México: 221,6 mil 5º – Reino Unido: 128 mil 6º – Itália: 125,3 mil 7º – Rússia: 118,9 mil
Fonte: Dados JHU (Johns Hopkins University).