Covid-19 na cidade de São Paulo atingiu 4,6 vezes mais pessoas do que informam os números oficiais

Estudo na cidade de São Paulo mostra que 42% dos adultos possuem anticorpos para o Sars-CoV-2, o que significa que essa enorme parcela da população, perto de 3,5 milhões de pessoas, tiveram contato com a Covid-19, podendo ter desenvolvido sintomas leves ou permanecendo assintomáticas.

A primeira coisa que chama a atenção é a enorme disparidade entre esse número, no qual se chega por método estatístico, pois é uma pesquisa, e os dados oficiais, que são os diagnósticos confirmados por teste. São os 3,5 milhões contra pouco menos de 762 mil (dado de ontem), sendo que a média móvel oficial de novos casos está em pouco mais de 2,3 mil.

Em números aproximados, os infectados são 4,6 mais do que os dados oficiais, o que informa o quanto é frágil as ações de combate à pandemia no que tem de mais básico a se fazer, que é a de identificar os infectados e adotar medidas quarentenárias específicas, inclusive com rastreamento de contatos.

Os testes são feitos basicamente em pessoas sintomáticas que procuraram os serviços, quando, o que é amplamente sabido, o que se deveria fazer é testagem em massa. Os países que mais testam têm o total de testes executados em número várias vezes superior à população, pois se testa periodicamente. São Paulo testou o equivalente a menos que 1/3 da população.

A pesquisa é feita por amostra de sangue em teste rápido, com adultos acima de 18 anos, e utiliza os distritos censitários, pouco mais que 100, o que garante a precisão na projeção dos números. Números que surpreendem, como o do salto que deu entre a rodada de pesquisa de janeiro e essa de abril, foram perto de 1 milhão de novos casos, isso mesmo com a chegada da vacinação.

E tem números que, infelizmente, não surpreendem, como a maior soroprevalência em bairros mais pobres, pessoas mais pobres, com menor grau de instrução e entre os que se declaram pretos e pardos. Sim, não há nada de justiça social na pandemia que se move no terreno social injusto e exacerba as desigualdades.

Por razões de éticas a pesquisa não pode ser feita em crianças, mas não podemos esquecer que pessoas de menos de 18 anos adoecem e, principalmente, podem transmitir, o que eleva ainda mais o número de infectados.

Essa não é uma realidade exclusiva da cidade de São Paulo, como já mostraram outros estudos, como o conduzido pela UfPel em âmbito nacional que tinha recursos do Ministério da Saúde, que foi descontinuado por decisão unilateral do ministério, mas também por outros estudos.

O fato é que a testagem absolutamente insuficiente foi uma das marcas da condução pelo governo federal da pandemia, cujas decisões foram orientadas pelo negacionismo via imunidade de rebanho. Sem teste, repito, fica facilitada a propagação do vírus e, com novas cepas e reinfecções, colhemos uma segunda onda mais agressiva e ainda o risco de uma terceira onda.

NO BRASIL
Registro de mortes hoje: 2.136
Total de mortes: 446.527
Média móvel de mortes nos últimos 7 dias: 1.963
Casos confirmados em 24 horas: 77.598
Casos acumulados na pandemia: 15.976.156
Média móvel de novos casos nos últimos 7 dias: 64.978
Casos ativos: 1,375 milhão
Em 125 dias de campanha, pessoas vacinadas: 41,579 milhões (19,64% da pop.)
Em segunda dose, 106 dias: 20,437 milhões de imunizados (9,65% da pop.)

NO MUNDO
Casos: 167,4 milhões
Óbitos: 3.464.100
1º – E U A: 603,4 mil
2º – Brasil: 446,3 mil
3º – Índia: 295,5 mil
4º – México: 221,1 mil
5º – Reino Unido: 128 mil
6º – Itália: 125 mil
7º – Rússia: 117,7 mil
Dados JHU (Johns Hopkins University).

É o que registra o diário de bordo.

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