Aumento no Desligamento por Morte de Trabalhadores: Impactos da Pandemia no Mercado de Trabalho

Estudo do Dieese revela um crescimento alarmante de 71,6% nos desligamentos por morte de trabalhadores com carteira assinada entre os primeiros trimestres de 2020 e 2021.

O levantamento divulgado pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) no dia 14 de maio trouxe à tona um dado alarmante: o desligamento de trabalhadores por morte no regime CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) aumentou em 71,6% ao comparar o primeiro trimestre de 2020 com o primeiro de 2021. O estudo se baseou nos dados do GAGED (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), que registra as admissões e dispensas de empregados celetistas.

Segundo os dados, o número de mortes registradas em 2021 foi de 22,6 mil, em comparação com 13,2 mil em 2020. O aumento foi expressivo, refletindo diretamente o impacto da pandemia de Covid-19 sobre os trabalhadores brasileiros. Entre as categorias profissionais, os mais afetados foram os médicos, com um crescimento de 204%, seguidos por enfermeiros, com 116%, e profissionais de educação, comunicação e energia, que também tiveram aumentos consideráveis.

A discrepância entre as categorias se reflete também nas diferenças regionais. O estado do Amazonas, que apresenta a maior taxa de mortalidade no Brasil, teve um aumento de 437% nos desligamentos por morte no período analisado, contrastando com a média nacional de 71,6%.

Em entrevista à TVT, Fausto Augusto Junior, diretor técnico do Dieese, destacou que a maior parte dos desligamentos por morte ocorreu em setores considerados essenciais durante a pandemia, como saúde, educação e serviços de comunicação. O aumento de atividades essenciais durante a pandemia, muitas vezes sem a devida segurança, revela a fragilidade dos protocolos de proteção para esses trabalhadores.

A falta de protocolos adequados, a falta de equipamentos de proteção individual (EPIs) de qualidade e a falta de treinamento e fiscalização sobre seu uso adequado são alguns dos fatores que contribuíram para essa tragédia. Além disso, a improvisação com EPIs inadequados, como o uso de sacos de lixo, e a falta de medidas de segurança em setores como obras e saneamento também foram apontados como falhas graves na proteção desses profissionais.

Embora o levantamento se refira a trabalhadores formalmente registrados, ou seja, aqueles com direitos garantidos pelas leis trabalhistas e a fiscalização da Justiça do Trabalho, é importante destacar que trabalhadores informais e os “uberizados” devem ter enfrentado um impacto ainda mais grave, pois muitas vezes não têm acesso à proteção necessária e não estão sujeitos às mesmas garantias de segurança no trabalho.

O aumento de mortes e infecções entre os trabalhadores tem repercussões sérias, e a falta de ação concreta para garantir a segurança dos trabalhadores durante a pandemia evidencia as falhas estruturais e a necessidade urgente de um sistema mais robusto de proteção à classe trabalhadora.

Dados da pandemia:

No Brasil:

  • Registro de mortes hoje: 1.039
  • Total de mortes: 436.862
  • Média móvel de mortes nos últimos 7 dias: 1.918
  • Casos confirmados em 24 horas: 35.888
  • Casos acumulados na pandemia: 15.661.106
  • Média móvel de novos casos nos últimos 7 dias: 63.868
  • Casos ativos: 1,376 milhão
  • Em 121 dias de campanha, pessoas vacinadas: 39,280 milhões (18,55% da população)
  • Em segunda dose, 102 dias: 19,429 milhões de imunizados (9,18% da população)

No Mundo:

  • Casos: 164,8 milhões
  • Óbitos: 3.411.200
  • 1º – EUA: 600,5 mil
  • 2º – Brasil: 436,9 mil
  • 3º – Índia: 278,8 mil
  • 4º – México: 220,4 mil
  • 5º – Reino Unido: 127,9 mil
  • 6º – Itália: 124,3 mil
  • 7º – Rússia: 116,2 mil

Fontes: Dieese, Johns Hopkins University.

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