Morte com carteira registrada

Levantamento divulgado no dia 14/05 (sexta-feira) pelo Dieese – Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos, mostra um expressivo aumento do desligamento por morte de trabalhadoras(es) em regime de CLT, o popular carteira assinada. Foi de 71,6% o crescimento comparando o primeiro trimestre de 2020 com o primeiro de 2021.

O levantamento é feito com os dados coletados pelo GAGED – Cadastro Geral de Empregados e Desempregados, que mantem o registro de admissões e dispensas de empregados celetistas (regime de CLT). As dispensas podem ser por demissão com ou sem justa causa, pedido de demissão, desligamento por aposentadoria ou por morte.

Foram registradas 22,6 mil mortes neste ano e 13,2 mil no ano passado, um aumento de 71,6%. Evidente que esse aumento se deve à Covid-19 e isso fica mais explícito quando se observa as diferenças entre distintas categorias profissionais. A morte de médicas(os) cresceu 204%, de enfermeiras, 116%, profissionais de educação, 106,7%, de comunicação, 124,2% e eletricidade e gás (a mais atingida), 142,1%.

Além das diferenças entre categorias profissionais, interessante são as discrepâncias entre os estados. O Amazonas, que tem hoje a maior taxa de mortalidade de todos os estados brasileiros, também tem o maior percentual de aumento por desligamento por mortes no período analisado, com alta de 437%, contra os 71,6% da média nacional.

Em entrevista à TVT, o diretor técnico do Dieese, Fausto Augusto Junior, declarou que “a maior quantidade de desligamentos por morte aconteceu em setores considerados como atividade essencial. Esse conjunto de atividades inclusive foi crescendo com os decretos do próprio governo. É um demonstrativo do quanto a pandemia se abateu sobre os trabalhadores”.

Ou seja, houve (e há) falta de protocolos que de fato garantam a segurança desses profissionais. São trabalhos que se tornaram atividades de risco pela interveniência da pandemia. Cabe perguntar se havia orientação adequada e disponibilização de equipamentos com qualidade exigida para a situação.

Mas também se faz necessária outras providências, como turnos mais curtos para diminuição das chances de contágio e manutenção da atenção e prontidão para o uso de EPI. Ou seja, equipamento, treinamento, reorganização do trabalho e fiscalização. No caso de profissionais da saúde, foram muitas as notícias de improvisação de EPI com sacos de lixo. E é só circular nas ruas e ver trabalhadores de obras de saneamento sem a máscara, usando-a de forma errada ou de má qualidade.

Por fim, este levantamento dá conta de profissionais em empregos formais, a princípio mais protegidos pelas leis, pela presença de sindicatos e fiscalização da justiça do trabalho. Certamente entre os trabalhadores (as) informalizados e “uberizados” o impacto deve ter sido ainda maior. (com dados no site dieese.org.br).

Hoje tivemos a média móvel de mortes subindo pelo segundo dia consecutivo. A média móvel de casos também subiu, mantendo a tendência iniciada no final de abril.

 NO BRASIL
Registro de mortes hoje: 1.039
Total de mortes: 436.862
Média móvel de mortes nos últimos 7 dias: 1.918
Casos confirmados em 24 horas: 35.888
Casos acumulados na pandemia: 15.661.106
Média móvel de novos casos nos últimos 7 dias: 63.868
Casos ativos: 1,376 milhão
Em 121 dias de campanha, pessoas vacinadas: 39,280 milhões (18,55% da pop.)
Em segunda dose, 102 dias: 19,429 milhões de imunizados (9,18% da pop.)

 NO MUNDO
Casos: 164,8 milhões
Óbitos: 3.411.200
1º – E U A: 600,5 mil
2º – Brasil: 436,9 mil
3º – Índia: 278,8 mil
4º – México: 220,4 mil
5º – Reino Unido: 127,9 mil
6º – Itália: 124,3 mil
7º – Rússia: 116,2 mil
Dados JHU (Johns Hopkins University).

É o que registra o diário de bordo.

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