Uruguai, vai bem e vai mal no combate à pandemia

O Uruguai vive hoje um grave momento da pandemia que é marcado pelo sentimento de que vivem não uma segunda onda, mas uma epidemia totalmente distinta. De fato, o Uruguai era tido como um exemplo no combate à pandemia de coronavírus, enquanto os países vizinhos, Brasil, Argentina e Peru, exibiam números assustadores de casos e mortes. Do Equador, por exemplo, correram o mundo imagens de corpos abandonados em ruas da capital Quito.

As coisas andaram bem no Uruguai até novembro, quando as taxas de contágio começaram a aumentar, explodindo nos últimos meses. Essa mudança coincide com a segunda onda da pandemia no Brasil, em que a tendência de queda nos índices se interrompe em novembro e começaram a disparar.

As autoridades sanitárias Uruguaias atribuem parte do problema à nova variante originária do Brasil, a P1, como responsável pelo aumento brutal da velocidade de contágio. Informam que fecharam fronteiras, mas a longa fronteira seca com Brasil e Argentina tem várias cidades binacionais e barreiras sanitária se tornam extremamente vulneráveis.

O fato é que os cuidados com o contágio da população Uruguaia, inclusive o uso de máscara, foram sempre muito frágeis, principalmente entre os jovens. Com o sucesso contrastando com seus vizinhos, o Uruguai foi desenvolvendo o conceito de “liberdade com responsabilidade”, que era a forma de se dizer, melhor isolar, mas as autoridades não vão agir repressivamente. Não funcionou.

Veio o verão, mais e mais aglomerações e o resultado foi bem mais desastroso do que se poderia imaginar. Na quinta-feira (13), a taxa de mortalidade diária por covid-19 no país foi a mais alta do mundo, alcançando 14,23 mortes por milhão de habitantes, segundo o site Our World in Data.

O outro lado da saga uruguaia é como se dedicaram à vacinação. Podemos dizer que começaram mal, demorando em priorizar e atrasando o início da campanha, que iniciou 41 dias depois da nossa, ou seja, 27 de fevereiro. Mas correram. Apenas 10 dias depois do início já tinham o mesmo percentual de população com ao menos uma dose da vacina que o Brasil e ontem, 77 dias depois de começarem a vacinar, já tem perto de 40% de vacinados enquanto o Brasil patina com 18% de pessoas vacinadas em 119 dias de campanha de vacinação. Se imprimíssemos aqui o ritmo uruguaio de vacinação teríamos perto de 60% de pessoas vacinadas.

Apesar dos índices de mortes assustadores dos últimos dias, na média o Uruguai tem resultados muito mais favoráveis do que o Brasil. Proporcionalmente à população o Uruguai tem 98,5 óbitos por 100 mil habitantes enquanto o Brasil tem 205,4/100M. O Rio Grande do Sul, que tem extensa fronteira com o Uruguai, ostenta uma taxa de 234,3/100M, que é superior à média nacional.

Fica o exemplo de que o combate à pandemia passa por tomar medidas corretas, mas principalmente sustentá-las. Em vários países do mundo foram levantadas barreiras sanitárias e suspensas ou relaxadas medidas de distanciamento mais cedo do que se devia e o resultado em geral foi o descontrole da pandemia. O oposto que fez a Austrália, que a meses mantem controle rígido de restrição do turismo e tem resistido às pressões. Resultado? Uma morte por Covid-19 este ano.

Outra lição é que a pandemia se expande, no caso da Covid-19, pela circulação de pessoas. Assim, fica impossível conter a pandemia em uma cidade ou região. É fundamental estratégias mais amplas, envolvendo inclusive outros países. Aqui, infelizmente, não tivemos nem a efetivação de um gabinete de crise nacional. Pagamos o preço.

Hoje tivemos o primeiro dia com subida (discreta) da média móvel de mortes desde o início de maio. A média móvel da casos apresenta tendência de crescimento desde final de abril, indo de 56 mil para o pouco mais de 63 mil de hoje. Mal sinal.

NO BRASIL
Registro de mortes hoje: 971
Total de mortes: 435.823
Média móvel de mortes nos últimos 7 dias: 1.915
Casos confirmados em 24 horas: 34.605
Casos acumulados na pandemia: 15.625.218
Média móvel de novos casos nos últimos 7 dias: 63.286
Casos ativos: 1,397 milhão
Em 120 dias de campanha, pessoas vacinadas: 38,758 milhões (18,30% da pop.)
Em segunda dose, 101 dias: 19,174 milhões de imunizados (9,05% da pop.)

NO MUNDO
Casos: 164,3 milhões
Óbitos: 3.400.200
1º – E U A: 600,3 mil
2º – Brasil: 435,8 mil
3º – Índia: 274,4 mil
4º – México: 220,4 mil
5º – Reino Unido: 127,9 mil
6º – Itália: 124,2 mil
7º – Rússia: 115,9 mil
Dados JHU (Johns Hopkins University).

É o que registra o diário de bordo.

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