Enquanto o Brasil enfrenta um aumento significativo de casos e mortes, o Uruguai se encontra em um momento difícil, passando por uma segunda onda da pandemia que desafia os cuidados tomados até então.
O Uruguai, que foi considerado um exemplo no combate ao coronavírus, atravessa atualmente um grave momento da pandemia. O país, que teve um controle eficaz da situação durante o pico da crise, começou a enfrentar um crescimento alarmante nos casos de Covid-19 a partir de novembro, uma tendência que se intensificou nas últimas semanas.
Essa virada na situação uruguaia coincide com o agravamento da pandemia no Brasil, com o país enfrentando uma segunda onda de casos que também começou a ganhar força em novembro. O aumento de casos foi impulsionado pela disseminação da variante P1, originária do Brasil, que acelerou o contágio no Uruguai.
As autoridades sanitárias do país atribuíram parte do problema à circulação da variante e ao relaxamento das medidas de controle, como o uso de máscaras, especialmente entre os jovens. O conceito de “liberdade com responsabilidade”, que enfatizava a flexibilidade nas restrições, não se mostrou eficaz em conter a propagação do vírus. O verão trouxe ainda mais aglomerações, resultando em um cenário mais devastador do que se imaginava.
Em termos de vacinação, o Uruguai começou mais tarde que o Brasil, mas rapidamente recuperou o tempo perdido. Em 77 dias de campanha de vacinação, cerca de 40% da população já havia recebido ao menos uma dose da vacina, um número expressivo se comparado com os 18% do Brasil em 119 dias. Se o Brasil tivesse seguido o ritmo do Uruguai, cerca de 60% da população já estaria vacinada.
No entanto, mesmo com o progresso na vacinação, o Uruguai enfrenta números de mortes alarmantes. Em 13 de maio, o país registrou a maior taxa de mortalidade diária do mundo, com 14,23 mortes por milhão de habitantes. Apesar disso, comparado ao Brasil, o Uruguai tem resultados mais favoráveis, com 98,5 óbitos por 100 mil habitantes, enquanto o Brasil apresenta 205,4 óbitos por 100 mil habitantes.
A situação no Brasil continua a ser preocupante, com uma média móvel de mortes em torno de 1.915 por dia e mais de 63 mil novos casos registrados recentemente. A falta de uma resposta coordenada a nível nacional e a demora na implementação de medidas rigorosas têm dificultado o controle da pandemia.
O contraste entre os dois países serve como um lembrete de que o controle da pandemia depende de ações firmes e sustentadas ao longo do tempo. Enquanto a Austrália, por exemplo, mantém rígidas restrições de fronteiras e controle de turismo, o Brasil e outros países da América Latina pagam o preço pela flexibilização precoce e falta de coordenação.
À medida que a pandemia se expande, fica claro que as estratégias precisam ser mais amplas e cooperativas, envolvendo não apenas os países individualmente, mas também esforços conjuntos. O Brasil, com sua extensa fronteira e falta de um gabinete de crise nacional, ainda enfrenta grandes desafios, enquanto o Uruguai tenta se reerguer após um período de grande sucesso.