O Brasil, com 2,7% da população mundial, responde por cerca de 13% de todas as mortes relacionadas à Covid-19, gerando questionamentos sobre os fatores que explicam essa discrepância em relação a outros países. A análise do desempenho no combate à pandemia revela aspectos complexos sobre a condução de estratégias e a eficácia das políticas públicas de saúde.
Desde o início da pandemia, as comparações internacionais sobre a mortalidade de países em resposta à Covid-19 têm sido inevitáveis. O Brasil, com aproximadamente 2,7% da população mundial, representa quase 13% das mortes registradas globalmente. Esse dado alarmante nos leva a questionar as razões para tamanha disparidade em relação a países como a China, com uma população de 1,5 bilhão de pessoas e menos de 5 mil mortos, ou o Vietnã e o continente africano, que apresentaram taxas de mortalidade muito inferiores.
No caso do Vietnã, por exemplo, relatos de brasileiros que vivem lá apontam para um modelo de controle extremamente eficaz, com uma gestão rigorosa da quarentena e uma equipe de saúde dedicada ao acompanhamento dos infectados, rastreamento de contatos e medidas rápidas para interromper a disseminação do vírus nas ruas. Essa abordagem foi amplamente destacada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), embora seja importante lembrar que o modelo de cada país responde a uma combinação de fatores culturais, geográficos, genéticos e das políticas de saúde pública adotadas.
Em contrapartida, o Brasil, com uma das maiores taxas de mortalidade no mundo, revela a falta de políticas de prevenção mais rígidas e consistentes. O cenário brasileiro levanta a questão: seria possível ter evitado tantas mortes? A comparação com países como Taiwan, China, Finlândia ou Arábia Saudita, que apresentam uma mortalidade dez vezes menor, nos leva a refletir sobre o que poderia ter sido feito de maneira diferente. Afinal, o Sistema Único de Saúde (SUS), criado em 1989, é um modelo de saúde pública universal e integral, com uma série de programas bem-sucedidos que poderiam ter sido mais bem aproveitados.
O SUS é, sem dúvida, um grande trunfo na saúde pública brasileira. Programas como a Estratégia de Saúde da Família (ESF), que cobre a maioria dos municípios, o Programa Nacional de Imunização (PNI), que erradicou doenças como o sarampo, a rubéola e a difteria, além do SAMU, que atende grande parte da população brasileira, são exemplos de como o país tem sido bem-sucedido em outras frentes. Contudo, a resposta à pandemia foi prejudicada pela polarização política e pelo negacionismo que permeou as decisões governamentais.
A queda de mais de 434 mil vidas, se comparada ao controle de outras nações, poderia ter sido evitada com a adoção de medidas eficazes de prevenção e conscientização, o que não ocorreu de forma generalizada no Brasil. O cenário atual ainda reflete as consequências dessas falhas, com mais de 434 mil mortos e uma média móvel de novos casos acima de 60 mil.
Porém, apesar de todo o sofrimento, o SUS segue sendo uma estrutura fundamental para a saúde no Brasil, e as lições aprendidas com a pandemia podem ser usadas para melhorar a resposta a futuras crises sanitárias. O grande desafio agora é recuperar o tempo perdido e reforçar a confiança na ciência, para que, no futuro, o Brasil possa alcançar os melhores resultados em saúde pública, como já ocorreu em outras áreas.
No Brasil
- Registro de mortes hoje: 2.067
- Total de mortes: 434.852
- Média móvel de mortes nos últimos 7 dias: 1.910
- Casos confirmados em 24 horas: 69.300
- Casos acumulados na pandemia: 15.590.613
- Média móvel de novos casos nos últimos 7 dias: 62.855
- Casos ativos: 1,397 milhão
- Em 119 dias de campanha, pessoas vacinadas: 38,571 milhões (18,21% da pop.)
- Em segunda dose, 100 dias: 19,098 milhões de imunizados (9,02% da pop.)
No Mundo
- Casos: 163,7 milhões
- Óbitos: 3.390.400
- 1º – EUA: 599,9 mil
- 2º – Brasil: 434,9 mil
- 3º – Índia: 270 mil
- 4º – México: 220,4 mil
- 5º – Reino Unido: 127,9 mil
- 6º – Itália: 124,1 mil
- 7º – Rússia: 115,9 mil
Fonte: Dados JHU (Johns Hopkins University)